Estudos serão tema de webinar transmitido na terça-feira, 1º/9, parceria do Nupens com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor

Na próxima terça-feira, dia 1º de setembro, o Nupen se une ao Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) para transmitir o webinar Alimentos ultraprocesados e as pandemias de doenças crônicas e da covid-19 no Brasil.

Participam da conversa Carlos Monteiro, Maria Laura Louzada (ambos professores do departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP e pesquisadores do Nupens) e Maria Edna de Melo (chefe da Liga de Obesidade Infantil do HCFMUSP). A mediação é de Ana Paula Bortoletto, coordenadora do Programa de Alimentação Saudável do Idec.

O webinar será transmitido pelo canal do Idec no Youtube.

Na ocasião, os convidados discutem duas importantes meta-análises que abordam o potencial nocivo dos alimentos ultraprocessados. Saiba mais sobre os estudos a seguir.

Os produtos alimentícios ultraprocessados são definidos como produtos industrializados prontos para consumo ou aquecimento e que contêm quantidades mínimas de alimentos naturais. Os exemplos incluem cereais matinais, refrigerantes e produtos com carne reconstituída. Esses produtos apresentam alta densidade energética e contêm níveis elevados de nutrientes prejudiciais à saúde, incluindo açúcares adicionados, sal e gorduras não saudáveis, e conteúdo insuficiente de fibras, vitaminas e minerais. O sistema NOVA classifica os alimentos em 4 categorias de acordo com o grau de processamento: 1) alimentos não processados ou minimamente processados; 2) ingredientes culinários processados; 3) produtos alimentícios processados e 4) produtos alimentícios ultraprocessados. O sistema de classificação NOVA ajuda os consumidores a identificarem o grau de processamento dos alimentos e, consequentemente, o quanto saudáveis são. Dois novos estudos de revisão fazem uma síntese rigorosa da literatura científica sobre a associação do consumo de produtos alimentícios ultraprocessados com o risco de obesidade, doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas relacionadas à alimentação. 

Os estudos recém-publicados, um por Askari et al., publicado como na revista International Journal of Obesity em agosto de 2020, e o outro de Pagilai et al., publicado na British Journal of Nutrition em julho de 2020, mostram uma associação significativa do consumo de ultraprocessados, definidos e identificados pela classificação NOVA, com obesidade, doenças do coração e outras doenças crônicas relacionadas à dieta. 

A revisão sistemática de Askari et al. focalizou a associação do consumo de ultraprocessados com a obesidade. A revisão incluiu 14 estudos com revisão de pares. No total, esses estudos incluíram quase 190.000 participantes com idade entre 10 e 64 anos. Sete dos estudos incluídos foram realizados na América Latina. A maioria dos estudos foi classificada como de qualidade alta, com base em uma avaliação de qualidade padronizada. A meta-análise dos pesquisadores mostrou que o consumo de ultraprocessados está associado ao ganho de peso excessivo e ao risco maior de obesidade.

A revisão sistemática e meta-análise de Pagliai et al. analisou os ultraprocessados e doenças crônicas em geral. Foram revisados 19 estudos incluindo mais de 296.000 participantes. Utilizando procedimentos de meta-análise, os autores identificaram associação significativa do consumo de alimentos ultraprocessados com o risco de obesidade, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares e com o risco de mortalidade por todas as causas.

Principais achados

  • A meta-análise de Askari et al. concluiu que o consumo de ultraprocessados aumenta em 26% o risco de obesidade.
  • A meta-análise de Pagilai et al. concluiu que o consumo de ultraprocessados aumenta o risco de sobrepeso, obesidade e circunferência abdominal elevada em 23-34%, de síndrome metabólica em 79%, de dislipidemia em 102%, de doenças cardiovasculares em 29-34% e da mortalidade por todas as causa em 25%.

Principais mensagens

  • Os dois estudos contribuem para as evidências de que a limitação do consumo de produtos alimentícios ultraprocessados pode ajudar a prevenir doenças crônicas que representam importantes causas de morbidade e mortalidade no Brasil e na maioria dos países. Os estudos também deixam claro a utilidade da classificação NOVA para caracterizar alimentos de acordo com o processamento industrial a que foram submetidos. 
  • Os estudos de revisão sistemática da literatura, ambos fazendo uso de procedimentos de meta-análise, sintetizam a literatura disponível sobre o tema do consumo de ultraprocessados e os impactos na saúde, mostrando que a participação de ultraprocessados na dieta aumenta o risco de obesidade, doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas relacionadas à alimentação assim como do risco de morte prematura por qualquer causa.
  • A regulação governamental de rótulos de advertência nas embalagens dos produtos alimentícios pode ajudar os consumidores a identificar quais produtos são ultraprocessados, e assim, fazer escolhas por alimentos mais saudáveis

Referência Citada

  1. Askari, M., Heshmati, J., Shahinfar, H., Tripathi, N., & Daneshzad, E. (2020). Ultra-processed food and the risk of overweight and obesity: a systematic review and meta-analysis of observational studies. International Journal of Obesity, 1-12.

Disponível aqui

  1. Pagliai, G., Dinu, M., Madarena, M. P., Bonaccio, M., Iacoviello, L., & Sofi, F. Consumption of ultra-processed foods and health status: a systematic review and meta-analysis. The British Journal of Nutrition, 1-11.

Disponível aqui 

Financiamento

  • Askari e colegas (2020): Nenhum financiamento declarado.
  • Pagilai e colega (2020): Nenhum financiamento.