Hipertensão: doença está fortemente associada ao consumo de alimentos ultraprocessados

A revista científica Journal of the American College of Cardiology publicou, em sua mais recente edição (que data da última semana de março), o estudo “Alimentos ultraprocessados e doenças vasculares incidentes no Estudo de Framingham”. Assinado por cinco cientistas da Universidade de Nova York, o artigo teve apoio de Eurídice Steele, pesquisadora do Nupens, além de se basear em quatro trabalhos do Núcleo.

Como o título aponta, a pesquisa analisou dados do Estudo de Framingham, uma avaliação contínua das condições cardiovasculares de milhares de adultos habitantes da cidade americana. Entre as informações checadas, estavam questionários alimentares, medidas corporais e fatores sociodemográficos e de estilo de vida coletados entre 1991 e 2008. Estes dados foram confrontados com as taxas incidência e a mortalidade por doenças cardiovasculares (como a hipertensão) coletadas entre 2014 e 2017.

O resultado era de se esperar: a equipe concluiu que um maior consumo de ultraprocessados está associado a um maior risco de incidência e mortalidade por doenças cardiovasculares. Apesar de apontarem a necessidade de realizar novas pesquisas com recortes étnicos, os cientistas sugerem que limitar a ingestão de ultraprocessados resultaria em benefícios à saúde. Leia o artigo na íntegra (em inglês).

O impacto do estudo levou a revista a publicar um editorial específico sobre o tema. Intitulado “Alimentos ultraprocessados e doenças cardiovasculares: a partir daqui, para onde vamos?”, o texto inicia com o dado de que este tipo de produto figura em mais da metade das calorias consumidas nos EUA. Apesar disso, as orientações para a saúde cardiovascular enfatizam a importância do consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, mas raramente aponta para a importância de reduzir o consumo de ultraprocessados.

O editorial destaca a importância da classificação NOVA de alimentos — idealizada por Carlos Monteiro, coordenador do Nupens, a partir de 2009 —, citando benefícios na padronização para pesquisas, na simplificação das recomendações de saúde pública e no suporte às políticas públicas de alimentação e nutrição.

Na conclusão, os editores da revista indicam soluções necessárias ao enfrentamento do problema. “A redução do consumo de ultraprocessados requer uma reforma política substancial e colaborativa, a implementação intensiva de programas educacionais, mudanças em ações de marketing e rotulagem (como usar as categorias da NOVA nos rótulos) e um acesso facilitado a alimentos menos processados e acessíveis, entre outras iniciativas”, diz o comunicado. “Em última análise, o objetivo deve ser fazer das opções não saudáveis uma escolha difícil, e das opções saudáveis a escolha fácil.”

Leia o editorial na íntegra (em inglês).