Nota sobre a Covid-19 na RMSP 25/05/2021

No dia 25 de maio de 2021, o Brasil completou 15 meses do primeiro caso confirmado de COVID-19 no Brasil, tendo acumulado 30.083 óbitos no Município de São Paulo, 108.574 no Estado de São Paulo e 54.621 na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), desde a primeira notificação no país.

A evolução da COVID-19 tem sido acompanhada pelo Observatório de Saúde da Região Metropolitana de São Paulo desde o início da pandemia e é com imensa honra que disponibilizamos gratuitamente em nossa página mais uma atualização do painel dinâmico sobre a COVID-19. O objetivo é monitorar e atualizar diariamente os dados sobre a COVID-19 na RMSP, mostrando o panorama situacional e indicando tendências dos números da pandemia.
 
Trata-se de uma compilação dos números da pandemia a partir das bases de dados do SUS, num trabalho voluntário realizado por especialistas de diversas instituições. O painel dinâmico traz número de óbitos, mortalidade (óbitos por cem mil habitantes), número de leitos de UTI, leitos de UTI por cem mil habitantes, evolução da média móvel de pacientes internados em leitos de UTI COVID-19 e a ocupação de leitos de UTI destinados à COVID-19 para a RMSP. 
 
O painel tem como fonte a Fundação Seade (https://www.seade.gov.br/coronavirus/), que consolida e disponibiliza os dados a partir de dados oficiais da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES). Os dados estão abertos e disponíveis para interessados em: https://github.com/seade-R/dados-covid-sp.
 
O trabalho disponibiliza dados confiáveis para a consulta rápida e fácil para qualquer nível de gestão. Por ser atualizado diariamente, possibilita o diagnóstico das tendências dos indicadores no espaço e no tempo.
 
A nova atualização do painel pode ser acessada pelo link http://www.fsp.usp.br/observasaude/

Taxa de Mortalidade por 100 mil habitantes.

Optamos por utilizar como indicador a média móvel de 7 dias da taxa bruta de mortalidade por 100 mil habitantes. Para tanto, calculamos a taxa bruta de mortalidade do número de óbitos novos registrados na data e, a fim de suavizar a curva, a cada dia realizamos uma média aritmética simples dos últimos 7 dias. Tal operação nos permite comparar os diferentes espaços a partir de um denominador comum (a população) observando a tendência ao longo do tempo (aumento, estabilidade ou queda).

Ainda cabe apontar que optamos por não utilizar o número de casos, visto que compreendemos que as estratégias de testagem e de detecção da doença não é uniforme, o que impactaria diretamente na qualidade dos dados obtidos.

Evolução da média móvel da taxa de mortalidade do Estado de São Paulo

Observando a “curva longa” da taxa de mortalidade por COVID-19 no estado de São Paulo podemos perceber que do início da série (março de 2020) até meados do ano de 2020 tivemos um aumento da taxa de mortalidade, sendo que no segundo semestre de 2020 houve uma tendência de queda. A partir de novembro de 2020, podemos perceber um novo aumento da taxa de mortalidade, seguido de uma aceleração dessa taxa principalmente a partir de março de 2021 (um ano do primeiro caso registrado).

Como podemos observar, especialmente a partir de março de 2021 a taxa de mortalidade aumentou de maneira significativa, alcançando patamares que mais que triplicaram a taxa observada nos piores períodos de 2020. Embora em tendência de queda, podemos observar que a taxa mantém-se elevada em comparação ao pior período de 2020.

Em relação à distribuição espacial, DRS 15 é o DRS com maior taxa de mortalidade por COVID-19, seguido por Araçatuba, Baixada Santista, Barretos e a RMSP. Como nosso escopo é a RMSP, partiremos para a análise da tendência da RMSP.

Evolução da média móvel da taxa de mortalidade da Região Metropolitana de São Paulo

De fevereiro de 2020 a maio de 2021, podemos perceber que a RMSP apresenta uma tendência bastante parecida com a do estado de São Paulo. Especialmente a partir de dezembro de 2020 podemos observar um gradual aumento da taxa de mortalidade na RMSP e, em especial a partir de março de 2021, uma grande aceleração de sua taxa de mortalidade, atingindo uma taxa que mais que dobra o observado no pior momento da pandemia em 2020. Podemos detalhar ainda essa tendência através das taxas das regiões de saúde.

Observando a distribuição do número de óbitos e da taxa de mortalidade acumulados pelas regiões, pode-se perceber que o município de São Paulo acumula 30.083 óbitos até o momento.

A região do Grande ABC acumula a maior taxa de mortalidade, com uma taxa de mortalidade de 308,07, seguida de Rota dos Bandeirantes com 263,53.

A ferramenta também proporciona que possamos escolher qual o recorte territorial gostaríamos de nos debruçarmos. Como exemplo, apresentaremos rapidamente as curvas de mortalidade das seis regiões de saúde que compõem a RMSP com breves comentários.

A região do Grande ABC apresenta uma Taxa de Mortalidade de 308,07 e um número de óbitos de 8.289. É a região que acumula a taxa de mortalidade de COVID-19 mais alta entre as regiões da RMSP. Podemos perceber que, desde novembro do ano de 2020 apresentava uma rápida aceleração da taxa de mortalidade, tendo atingido o pico em meados de abril e no momento segue apresentando uma leve desaceleração.

A região de Rota dos Bandeirantes apresenta uma Taxa de Mortalidade de 263,53 e um número de óbitos de 4.897 em 25/05. Podemos perceber que a Rota dos Bandeirantes apresentava uma certa estabilidade na média móvel até a primeira quinzena de março de 2021. A partir da segunda quinzena de março a média manteve-se elevada em patamares maiores que durante todo o ano de 2020.

A região do Alto do Tiête apresenta uma Taxa de Mortalidade de 262,21 e um número de óbitos de 7.808. Parecido com Rota dos Bandeirantes, o Alto do Tietê apresentava uma certa estabilidade até a primeira quinzena de março de 2021 e a partir da segunda quinzena de março observou-se uma aceleração de sua taxa mantendo taxas maiores que durante todo o ano de 2020.

O município de São Paulo apresenta uma Taxa de Mortalidade de 253,44 e um número de óbitos de 30.083. A partir do início do ano de 2021 podemos observar uma tendência de aumento da taxa de mortalidade, sendo que a partir da segunda quinzena de fevereiro percebe-se uma aceleração desta taxa, atingindo o seu pico em abril. A região ainda apresenta uma taxa de mortalidade superior à maior taxa de mortalidade apresentada no ano de 2020.

Franco da Rocha apresenta uma Taxa de Mortalidade de 213,43 e um número de óbitos de 1.288. A região seguia mantendo uma taxa de mortalidade praticamente constante até o final de 2020, a partir da segunda quinzena de março observou-se uma grande alta de sua taxa. Somente ao final de abril sua taxa começou a desacelerar.

Mananciais apresenta uma Taxa de Mortalidade de 198,16 e um número de óbitos de 2.256. A partir do mês de março 2021 podemos observar uma aceleração de sua taxa de mortalidade, ainda apresentando uma taxa que não indica uma tendência de desaceleração nesta região de saúde.

Por fim, também disponibilizamos a mesma lógica para os municípios da RMSP.

Podemos observar que São Caetano do Sul é o município com maior taxa, seguido de Santa Isabel e Barueri.

Cabe alertar que deve-se ter bastante prudência na análise destes dados, visto que a interpretação destes territórios com populações menores ou baixo número de óbitos podem nos induzir a interpretações errôneas.

Ou, em outras palavras, contextos complexos necessitam também de explicações complexas.

Evolução da capacidade instalada para o combate da COVID-19 na RMSP

Além da possibilidade do acompanhamento dos dados de óbitos e mortalidade na RMSP, oferecemos também em nosso painel a possibilidade de acompanhamento de alguns indicadores de capacidade instalada e de produção de serviços para a RMSP.

Também são dados disponibilizados diariamente pela rotina do SEADE e utilizamos desta fonte para a elaboração de nosso painel.

A série histórica disponibilizada para este bloco de indicadores incia-se em 19/05/2020. Para este documento, trouxemos a série histórica dos indicadores e a situação do indicador em 25/05/2021.

A partir da série, podemos observar que no decorrer do período houve um significativo aumento da disponibilização do número de leitos de UTI para COVID-19 na RMSP. 

O município de São Paulo, por exemplo, parte de aproximadamente 2.500 leitos de UTI disponíveis em maio de 2020 para uma oferta de 3.800 já em junho, o que representa um crescimento de mais de 50%. Em novembro, o período com menor taxa de mortalidade, caiu para 2.700, o menor observado na série histórica. Porém, com o recrudescimento da pandemia, podemos observar em março de 2021 um novo esforço de novamente aumentar os leitos, apresentando mais de 4 mil leitos de disponibilizados para a COVID-19.

Observando o número de leitos disponíveis por cem mil habitantes, podemos perceber que todas as regiões de saúde da RMSP implementaram esforços para aumentar o número de leitos em seus territórios. Neste sentido, podemos também observar a grande diferença em relação aos leitos de UTIs disponíveis entre as regiões da RMSP. Apontamos em especial a região do Grande ABC e do município de São Paulo que contam com aproximadamente 40 leitos de UTI destinados para COVID-19, dispondo de praticamente do dobro de equipamento disponível em comparação com Mananciais e Franco da Rocha, as regiões de saúde com menor número de leitos disponíveis.

Utilizamos o indicador de Pacientes Internados em Leitos de UTI destinados para COVID-19 para que possamos acompanhar a curva de internações por COVID-19 nas regiões. A partir deste indicador podemos observar que a partir de março de 2021 tivemos uma tendência de grande aceleração deste indicador.

A partir dos dados de leitos de UTI e do número de pacientes, obtém-se a taxa de ocupação de leitos. Acompanhando a curva, podemos observar que no início da série histórica a taxa de ocupação de UTI estava bastante pressionada, mas em uma tendência de queda até novembro de 2020. A partir de novembro, podemos observar um aumento da taxa de ocupação, novamente pressionando o sistema. As taxas de ocupações apresentam um limiar assemelhado entre os dois “picos”, mas houve um aumento de oferta para atender ao aumento 

Assim, como podemos perceber, mesmo com o aumento do número de leitos de UTI ao longo do tempo, o serviço continua sendo pressionado pelo aumento do número de pacientes.

Apontamentos e considerações finais

Oferecemos o painel dinâmico com o intuito de oferecer um painel simples e sintético para o acesso da informação. Observando-se as curvas dos indicadores, podemos observar, no tempo e no espaço, a evolução da pandemia. Esperamos que seja possível o uso da informação e tomada de decisão para o acompanhamento da pandemia na RMSP.

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