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Na crise da COVID-19, professores defendem “mais vida” e “menos financeirização” em artigo da Folha de S.Paulo

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

À parte as críticas e o relativo fracasso em passar sua mensagem, a Rio+20 marcou os novos ventos pelos quais a humanidade deveria se nortear e lançou algumas ideias que pareciam devaneios até então, como o Índice de Felicidade Interna do Butão, criado naquele pequeno país sul-asiático por um governo preocupado com as referências de “desenvolvimento” e crescimento econômico do mundo ocidental. Com a nova realidade imposta pela pandemia da COVID-19, é corrente entre intelectuais, acadêmicos e economistas uma interpretação dos movimentos atuais da economia que vai na mão contrária ao que pregam governos como o de Bolsonaro e Trump.

Em artigo publicado na Folha de S. Paulo no dia 7 de abril, professores da FSP-USP e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostram que crises históricas como a Grande Depressão de 1929 mudaram positivamente alguns indicadores importantes, enquanto, contraditoriamente, períodos de crescimento econômicos trouxeram malefícios à saúde da população como um todo, em determinados períodos e lugares. De forma semelhante, isso pode estar acontecendo em relação à crise sanitária atual.

“Recessão pode até melhorar indicadores de Saúde”, artigo publicado na seção Ilustríssima da Folha de S.Paulo, é assinado pelos professores Marco Akerman e Carlos Botazzo, do Departamento de Política, Gestão e Saúde da FSP-USP, e pelo professor Francisco de Assis Acurcio, do Departamento de Farmácia Social da Faculdade Farmácia da UFMG.

Os professores citam editorial “surpreendente” do Financial Times apontando que a redistribuição da riqueza está novamente na agenda da política econômica. Mencionam a colunista do jornal canadense Times Colonist, Trevor Hancock, citando um estudo de epidemiologia social durante a Grande Depressão que mostra que as taxas de mortalidade diminuíram para quase todas as idades e todos os grupos sociais naquele período.

Reduções drásticas nas emissões de carbono da China, Itália e mesmo Brasil podem estar contribuindo para a redução da mortalidade, da mesma forma que os acidentes de trânsito já caíram 46,7% durante quarentena, mostram os professores. 

“É chegada a hora de ‘medir a vida’ menos por medidas econômicas e mais por outras réguas mais plenas de sentido para a vida vivida que para sua financeirização”, concluem.

Leia o artigo publicado na Folha de S.Paulo neste link