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Como enfrentar a influência do mercado na medicalização dos problemas da sociedade contemporânea é tema de pesquisa na FSP USP

Imagem: Pixabay.

Recuperar os sentidos mais profundos do termo medicalização e discutir duas hipóteses inter-relacionadas: se as políticas públicas com impacto positivo sobre os níveis de saúde populacional cumpririam um papel desmedicalizante e se o aprofundamento da democracia poderia ser considerado uma condição imprescindível para enfrentar os processos medicalizantes é o objetivo da pesquisa “Medicalização, Desmedicalização, Políticas Públicas e Democracia sob o Capitalismo“, de autoria de Paulo Frazão, docente e Chefe do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e de Marcia Michie Minakawa, mestre em ciências da Saúde pela mesma Faculdade. A pesquisa foi divulgada em forma de artigo publicado na edição de Março de 2018 da Revista “Trabalho, Educação e Saúde”.

Os autores recuperam os conhecimentos sobre a expansão da influência da medicina sobre os problemas sociais e com base nos resultados,  identificam conceitos nucleares relacionados a quatro  forças motrizes que impulsionam os processos de medicalização: a indústria, as instituições, o Estado e a sociedade. Com  as mudanças associadas ao controle aumentado sobre a natureza que modificam a vida como a conhecemos, os autores destacam a reflexão de Clarke e colaboradores (2003) que dirigem o foco para a constituição político-econômica de um complexo de serviços técnicos e biomédicos mantido por corporações multinacionais compatíveis com a globalização dos mercados. Esse processo, segundo os pesquisadores, reflete o avanço da ordem econômica capitalista sobre outras esferas como o Estado e a comunidade.

Diante deste contexto, os autores concluíram que, qualquer perspectiva desmedicalizante de ampla envergadura e longa duração dependeria ao menos de duas hipóteses inter-relacionadas, correspondentes ao modelo que orienta a resposta às necessidades de saúde, e à força da democracia em seu duplo sentido, seja enquanto categoria política capaz de colocar os setores majoritários da sociedade no centro das decisões do Estado, seja como categoria econômica capaz de alterar os efeitos econômicos do capitalismo nas relações Estado-sociedade. Sem considerar essa profunda conexão, o campo prosseguiria escancarado aos processos medicalizantes.

Mais informações com o Dr. Paulo Frazão.  pelo e-mail: pafrazao@usp.br ou pelo Tel: (11) 30617957.