Divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em 20 de março, o Relatório Síntese sobre Mudança Climática 2023 reúne estudos de mais de 700 cientistas sobre os impactos gerados pelas mudanças do clima.
O documento destaca que a temperatura média do planeta está 1,1°C acima dos níveis pré-industriais, e também pontua que, sem medidas drásticas tomadas em curto prazo, a meta de que o aumento de temperatura média do planeta não ultrapasse 1,5°C, estabelecida no Acordo de Paris, não poderá ser cumprida.
Veja 9 pontos importantes para entender o relatório e o que precisamos fazer!
Referência: IPCC [internet]. Synthesis Report of the IPCC Sixth Assessment Report (AR6) – Symmary for Policymakers. c2023 [acesso em 29 mar 2023]. Disponível em: https://report.ipcc.ch/ar6syr/pdf/IPCC_AR6_SYR_SPM.pdf
Apesar da presença frequente em nosso cotidiano, muitos não conseguem definir, com clareza, o que é e como funciona a comunicação científica. Por isso, no segundo episódio do Sustentarea Explica, iremos abordar as diversas faces desse tema, que é essencial para o desenvolvimento da nossa sociedade.
O Comida que Sustenta é uma produção do Sustentarea, núcleo de extensão da USP sobre alimentação sustentável, coordenado pela Aline Martins de Carvalho, professora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Coordenação
Nadine Marques
Apresentação
Pâmela di Christine
Apoio à pauta, roteiro e pesquisa
Patrícia Mello, Nadine Marques, Mariane Hase Ueta e Pamela di Christine
O Março Azul-Marinho é uma campanha de conscientização e prevenção do câncer colorretal, o terceiro tipo de neoplasia mais comum no Brasil.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer, a estimativa é de 44 mil novos casos no país, com expectativa de chegar a 80 mil casos/ano em apenas cinco anos.
A alimentação é um importante fator para o desenvolvimento do câncer colorretal. Aliás, você sabia que a carne vermelha e processada aumentam o risco para a doença? Veja abaixo o que diz estudos de revisão sistemática têm mostrado nos últimos anos
Mas o que é uma revisão sistemática?
Como o próprio nome indica, se trata de um estudo no qual os autores revisam os artigos publicados sobre um determinado tema de maneira imparcial e a partir de critérios bem definidos, tornando este o tipo de pesquisa com o maior nível de evidência científica existente.
E antes de prosseguir, também vale lembrar que as carnes vermelhas se referem a qualquer corte de boi, porco, cordeiro, carneiro ou cabrito.
Já as processadas são aquelas formuladas pela indústria a partir da mistura de diversos tipos de carne com substâncias alimentares e aditivos, como salsicha, linguiça, salame, mortadela e presunto, por exemplo.
Agora sim! Vamos ver os resultados de algumas dessas revisões?
ESTUDO 1 – Schwingshackl et al. (2018)
Os autores mostraram um aumento no risco para o desenvolvimento de câncer colorretal de 12% para o consumo de cada 100 g/dia de carne vermelha, e um risco 17% maior para cada 50 g/dia de carnes processadas
ESTUDO 2 – Farvid et al. (2021)
Em um estudo semelhante, os autores identificaram um aumento no risco para a doença de 14% para o consumo de cada 100 g/dia de carne vermelha, e de 16% para cada 50 g/dia de carne processada
Isso significa que uma pessoa que comia 200 g/dia de carne (~2 bifes médios) em relação a alguém que comia 100 g teve um risco 14% maior de desenvolver este tipo de câncer
O mesmo vale para a carne processada. Quem comia 150 g/dia desse alimento (3 gomos de linguiça, por exemplo) teve um risco 56% maior de desenvolver câncer colorretal quando comparado a quem não comia
ESTUDO 3 – Parra-Soto et al. (2022)
Já nesta revisão, os autores investigaram diferentes tipos de dieta (onívora, apenas com carne branca, pescetariana e vegetariana/vegana) e sua associação com o desenvolvimento de câncer colorretal.
Em relação aos onívoros, ou seja, quem comia todos os tipos de carne, incluindo a vermelha e processada, os pescetarianos, que comiam apenas peixe, tiveram um risco 24% menor de ter a doença.
Esses estudos indicam que limitar o consumo de carne é uma medida importante para a redução do risco de câncer colorretal
De acordo com o Fundo Mundial para Pesquisa em Câncer (WCRF), a ingestão máxima de carne vermelha e processada deve ser de 500 g/semana (~71 g/dia), devendo esta última ser consumida na menor quantidade possível
Um dos principais desafios da atualidade, que afeta a saúde humana e planetária, são as pandemias de obesidade, desnutrição e mudanças climáticas, que se constituem em uma Sindemia Global. No primeiro episódio da série especial Sustentarea Eco nos debruçamos sobre esse conceito recente, que vem aumentando em prevalência e gravidade nas últimas décadas.
• “Sindemia Global: a interação que desafia a saúde planetária”, publicada pela Revista Sustentarea volume 05, nº 03, em julho de 2021, cujas autoras são a Deborah Rocha Fadul e Ana Maria Bertolini | https://forms.gle/ZwdpbD7e56jpNkie6
• Centro de Estudos Estratégicos da Fundação Oswaldo Cruz. ‘Covid-19 não é pandemia, mas sindemia’: o que essa perspectiva científica muda no tratamento. Rio de Janeiro; 2020 | cee.fiocruz.br/?q=node/1264
• Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). Sustainable food systems: concept and framework. Rome: FAO; 2018.
• Martinelli SS, Cavalli SB. Alimentação saudável e sustentável: uma revisão narrativa sobre desafios e perspectivas. Ciência Saúde Coletiva. 2019;24(11)4251-61.
• Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Insegurança alimentar e Covid-19 no Brasil. 2021.
• Swinburn BA, Kraak VI, Allender S, Atkins VJ, Baker PI, Bogard JR, et al. The global syndemic of obesity, undernutrition, and climate change: The Lancet Commission report. Lancet. 2019; 393(10173):791-846.
O Comida que Sustenta é uma produção do Sustentarea, núcleo de extensão da USP sobre alimentação sustentável, coordenado pela Aline Martins de Carvalho, professora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Coordenação
Nadine Marques
Apresentação
Ana Lucia Romito
Apoio à pauta, roteiro e pesquisa
Ana Lucia Romito, Nadine Marques e Alisson Machado
Você já parou para refletir como essa comunidade pensa e aborda questões relacionadas à alimentação e à agricultura? Veja abaixo!
Nos posts da semana passada falamos sobre os sistemas alimentares dos povos originários e tradicionais, que além de oferecerem alternativas mais sustentáveis ao modelo produtivo predominante, também contribuíram para a formação dos hábitos alimentares da população brasileira.
Antes de prosseguirmos, quem são os povos tradicionais de matriz africana?
Comunidades que se organizaram a partir de valores civilizatórios e culturais dos povos africanos, que foram trazidos ao Brasil de maneira forçada durante um sistema escravagista que perdurou quase 400 anos. Esses grupos possuem territórios próprios caracterizados pela solidariedade e prestação de serviços à sua comunidade.
É importante considerar que há uma grande diversidade de povos africanos que foram trazidos ao Brasil, não sendo possível fazer referência a apenas um deles. Apesar disso, eles podem ser agrupados em três troncos principais:
BANTUS – JEJES – IORUBÁS
Mesmo com suas diferenças, esses povos e comunidades têm como princípios fundamentais o respeito à terra e à ancestralidade.
Além disso, parte dos elementos que compõem os sistemas alimentares dos povos de matriz africana se deu por conexões construídas junto aos povos originários.
Eles utilizavam os saberes ancestrais do conhecimento da terra para utilizar as folhas e frutos disponíveis no território, até que as plantas que consumiam no continente africano chegassem ao Brasil.
Os sistemas alimentares dos povos de origem africana englobam conexões simbólicas, culturais e sagradas no manejo produtivo do agroecossistema, nas interações sociais e dealimentação, e nas relações com os territórios.
Como é no território que eles baseiam suas práticas de alimentação, não há como pensar em seus sistemas alimentares sem considerar o direito à terra como um de seus alicerces
Veja um exemplo desse equilíbrio e respeito ao ambiente em que a comunidade habita:
A pesquisa Presença do Axé mostrou que a maioria dos terreiros do RJ desenvolviam atividades comunitárias, envolvendo ações de assistência social e combate à fome, auxiliando na garantia da segurança alimentar e nutricional.
Além disso, nas comunidades de terreiro, o alimento é algo que vai além da função de nutrir e saciar. É também a força vital que liga esses grupos com os seus ancestrais e com o universo.
Os sistemas alimentares dos povos de origem africana fazem oposição ao modelo hegemônico atual, baseado na monocultura, uso de agrotóxicos, destruição da biodiversidade e alta oferta de alimentos ultraprocessados.
Esse contexto coloca esses grupos em condições desiguais de acesso à terra e à comida, impactando não apenas a soberania e segurançaalimentar, mas também a própria cultura.
E nos deixam a seguinte reflexão:
Para os povos de origem africana, o ato de comer significa honrar a ancestralidade e lutar pela própria existência dentro desse cenário de país colonizado
Assim, as escolhas cotidianas do que consumimos nos permitem questionar as imposições alimentares, visando o fortalecimento dos saberes, práticas e cultura alimentar ancestral
Referências
Brasil. Plano nacional de desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana 2013-2015. Brasília: SEPPIR; 2013.
Banaggia G. FONSECA, Denise Pini Rosalem da & GIACOMINI, Sonia Maria. 2013. Presença do axé: mapeando terreiros no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Pallas. 188pp. Mana. 2014;20(2):411-4.
Egger DS, Silva VC. Caderno de experiência de pesquisas em saúde e povos tradicionais de matriz africana para a promoção de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Rio de Janeiro: Ed. dos Autores; 2022.
No post da última segunda abordamos os sistemas alimentares dos povos originários e tradicionais. Contudo, há uma grande diversidade no que e como esses povos produzem e vivem. Alguns deles, inclusive, formam os Sistemas Agrícolas Tradicionais, ou SATs.
Você sabe o que isso significa e quais são os SATs brasileiros? Role a página e não deixe de conferir!
O modelo agrícola predominante, baseado na monocultura, criação massiva de animais e uso elevado de recursos naturais, como água e terra, é insustentável.
Porém, há diversos exemplos de sistemas que aliam a produção de alimentos com a responsabilidade socioambiental e o respeito à cultura e às tradições, como os Sistemas Agrícolas Tradicionais.
MAS, AFINAL, O QUE SÃO SISTEMAS AGRÍCOLAS TRADICIONAIS?
Os Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs) são sistemas de produção em que elementos culturais, históricos, socioeconômicos e ecológicos constituem um conjunto de saberes, práticas e técnicas produtivas resilientes e sustentáveis, formando paisagens características e manejadas por povos e comunidades tradicionais.
Construídas por meio do acúmulo de experiências e trocas de saberes, essas atividades produtivas variam entre agricultura, pesca, extrativismo, beneficiamento artesanal, manejo florestal, entre outros, seguindo determinadas lógicas e visando garantir a subsistência econômica, a segurança alimentar e nutricional e a continuidade das tradições desses povos e comunidades.
Patrimônio Cultural Brasileiro
A riqueza de saberes e técnicas acumuladas, bem como a relevância dessas iniciativas para a conservação da floresta e da diversidade étnica e cultural brasileiras levaram o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a conceder o título de Patrimônio Cultural Brasileiro a dois SATs: do Rio Negro (AM) e das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira (SP)
SAT do Rio Negro
Primeiro SAT a ser declarado Patrimônio Cultural Brasileiro, em 2010, está ancorado no cultivo da mandioca brava e tem como base social mais de 22 povos indígenas das famílias linguísticas Tukano Oriental, Aruak e Maku ao longo do Rio Negro.
Características
Conhecimento sobre manejo florestal e locais apropriados para cultivo, coleta, pesca e caça
Grande riqueza de saberes
Biodiversidade
Sustentabilidade nos modos de produzir
Autonomia das famílias
SAT das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira
Patrimônio Cultural Brasileiro desde 2018, esse SAT se baseia na roça de coivara. As comunidades produzem mandioca, milho, feijão e arroz, entre outras espécies, e sua forma tradicional de agricultura tornou-se eixo estruturante do seu modo de vida.
Características
Manuseio da terra com um padrão de ocupação itinerante
Modos de transporte e estocagem de grãos
Integração das refeições aos momentos de sociabilidade
Promoção da diversidade étnica e cultural
Sistemas Importantes Patrimônio Agrícola mundial
Além da importância nacional, algumas práticas agrícolas são responsáveis por combinar biodiversidade, ecossistemas resilientes, tradição e inovação de maneira única
Desde 2005, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) designou 72 conjuntos de saberes em 23 países como Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (SIPAM)
SAT da Serra do Espinhaço
No Brasil, o único sistema reconhecido como SIPAM é o SAT da Serra do Espinhaço, no norte de Minas Gerais
Nesse SAT, os apanhadores das flores sempre-viva desempenham um papel fundamental na conservação da vegetação nativa e regulação das chuvas da região, tornando o local a savana mais biodiversa do planeta.
Pensando nisso…
Se os modos predominantes de produção agrícola estão relacionados à destruição do meio ambiente, condições de trabalho exploratórias e concentração de terras e de renda, valorizar os Sistemas Agrícolas Tradicionais e outras formas não hegemônicas de se fazer agricultura é uma alternativa para promovermos um sistema alimentar mais saudável, justo e sustentável
Referências: BNDES [internet]. Sistemas Agrícolas Tradicionais (SAT). Rio de Janeiro; c2018 [acesso em 14 mar 2023]. Disponível em: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/noticias/noticia/sat-sistemas-agricolas-tradicionais
Eidt JS, Udry S. Sistemas Agrícolas Tradicionais no Brasil. Brasília: Embrapa; 2019.
Ministério da Agricultura e Pecuária [internet]. Sistemas Agrícolas Tradicionais – SATs. Brasília; c2020 [atualizado em 15 dez 2022; acesso em 14 mar 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/agricultura-familiar/sipam/sistemas-agricolas-tradicionais-sats-de-relevancia-nacional
No primeiro episódio do Sustentarea Explica, aprenda do que estamos falando quando usamos o termo ‘Alimentação Sustentável’, temática que está sempre no centro das discussões políticas e sociais - e que também é o foco do Sustentarea. Você pode ouvir essa série de episódios sempre que quiser ou precisar revisitar essas definições tão importantes!
Matéria da 4ª edição da Revista Sustentarea (v. 3 n.1, 2019). Como tornar minha alimentação sustentável? Confira dez dicas do Sustentarea para melhorar sua alimentação | www.fsp.usp.br/sustentarea/revista-n4/
O Comida que Sustenta é uma produção do Sustentarea, núcleo de extensão da USP sobre alimentação sustentável, coordenado pela Aline Martins de Carvalho, professora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Quando falamos em povos originários e tradicionais, o que vem à sua mente? Você já parou para pensar em como se dá o processo de produção, aquisição e consumo de alimentos nessas comunidades?
Ao falarmos em sistemas alimentares, vemos as diferentes bases econômicas, políticas, ambientais e culturais que os sustentam. Apesar de a maior parte dos sistemas alimentares atuais serem no modelo globalizado capitalista mercantil, existem alternativas de produção menos agressivas ao meio ambiente e mais sustentáveis
Um exemplo são os sistemas alimentares dos povos originários e das comunidades tradicionais. Mas, antes de nos aprofundarmos nos sistemas…
O que são povos e comunidades tradicionais?
“Grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.”
Inciso I, do artigo 3, Decreto 6.040
No Brasil, são exemplos de comunidades tradicionais os povos indígenas, quilombolas, caatingueiros, ribeirinhos, caiçaras, ciganos e povos de terreiros. Apesar de tão diversos, possuem uma característica muito importante em comum: o respeito e cuidado com seu entorno, conscientes de suas relações com o ambiente.
Com seus conhecimentos ancestrais, os povos indígenas são um exemplo valioso desse equilíbrio e respeito ao ambiente em que a comunidade habita.
No sistema alimentar indígena, a interação de homem com a natureza oferece não apenas qualidade de nutrientes à comunidade, mas também benefícios à saúde ao atingir dimensões socioculturais, mentais e espirituais.
Os povos indígenas valorizam a biodiversidade alimentar e, a partir de seu uso, garantem a sua segurança alimentar e nutricional.
Ao plantar os mais diversos tipos de alimentos, utilizando os saberes de seus ancestrais passados pela oralidade e prática, alternando diferentes tipos de caças, as tribos alcançam um nível de equilíbrio que permite a sustentabilidadeda comunidade.
Mesmo dentro de suas especificidades, todos os povos buscam manter um sistema sustentável em cada atividade considerando o uso do solo, a fauna e a flora ao seu redor.
O pensamento foge da lógica de quantidade, mas foca na diversidade e qualidade, além do uso sustentável.
São esses conhecimentos que garantem a sustentabilidade do sistema alimentar:
Respeitar o tempo de se plantar e colher cada alimento
Unir diferentes tipos de alimentos para nutrir o solo e proteger contra pragas
Saber quais arvores frutíferas plantar apenas consumo e quais atraem animais para facilitar a caça
E nos deixam a seguinte reflexão
Um caminho mais sábio para garantir a segurança alimentar e prosperidade da população, seria voltar o olhar aos sistemas alimentares dos povos originários
A partir desses conhecimentos, é possível pensar em soluções mais sustentáveis para os sistemas locais e globais
Gostou e quer saber mais? Seguem as nossas referências:
Para finalizar a nossa série de posts em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, trouxemos 10 mulheres que você não pode deixar de acompanhar!
Precisamos dizer que não foi nada fácil escolher apenas dez dentre as várias mulheres que fazem trabalhos incríveis na área da alimentação, sistemas alimentares e sustentabilidade, mas demos o nosso melhor!
ADÉLIA RODRIGUES
Adélia é uma voz potente da periferia, sócia-fundadora do restaurante @daquebradagp e do @gastronomiaperiferica, negócio social de gastronomia localizado na zona leste de São Paulo
ADRIANA SALAY
Formada em História, ela pesquisa sobre alimentação e fome. Também é a criadora do Quebrada Alimentada, projeto de assistência alimentar na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo
BRUNA CRIOULA
Nutricionista e pesquisadora, Bruna trabalha com plantas alimentícias não colonizadas e também investiga a ancestralidade da comida. É fundadora da @crioulacuradoria
LARISSA BOMBARDI
Ela é professora do Departamento de Geografia da USP e possui uma luta marcante contra o uso excessivo de agrotóxicos, tendo esse tema como a sua principal linha de pesquisa
LEILE TEIXEIRA
Formada em Serviço Social, Leile pesquisa sobre a fome e maneiras de enfrentá-la. Ela é professora da UFRJ e militante do Movimento dos Pequenos Agricultores
MICHELLE JACOB
Michelle é nutricionista, professora da UFRN e pesquisa sobre etnonutrição, biodiversidade alimentar e sistemas alimentares. Além disso, é coordenadora do @labnutrir
NEIDE RIGO
Nutricionista, Neide trabalha sobretudo com plantas alimentícias não convencionais e suas aplicações em diversos tipos de receitas
PATTY DURÃES
Patty pesquisa sobre culturas alimentares e divulga diversos conteúdos sobre comida e suas dimensões – comida além da boca, em suas próprias palavras. Ela também é escritora e palestrante
REGINA TCHELLY
Ela é a criadora da Favela Orgânica, iniciativa de combate ao desperdício de alimentos baseada em duas comunidades do Rio de Janeiro. Regina também é palestrante e ativista contra a fome
SÔNIA GUAJAJARA
Sônia é uma reconhecida líder indígena e ambiental. Atualmente, é Ministra dos Povos Originários, sendo a primeira indígena a ocupar um ministério do governo
O comemorativo se encerra aqui, mas a luta pela igualdade de gênero não pode acabar, hein?
E você, já conhecia o trabalho de alguma delas? Quem você acha que são as mulheres que toda pessoa deveria conhecer? Deixe nos comentários!
Continuando a nossa série de posts em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, trouxemos 13 livros sobre alimentação e sistemas alimentares que foram escritos ou organizados exclusivamente por mulheres!
Veja quais são! Há obras com diferentes abordagens, feitas por mulheres igualmente diversas.
A política sexual da carne: uma teoria crítica feminista-vegetariana
Carol J. Adams
Editora Alaúde
Agricultura na cidade: o cultivo de alimentos e do comum pelas mulheres
Laura Carvalho e Márcia Tait
Ícone Editora
Alimentação escolar como estratégia para o desenvolvimento sustentável
Flavia Schwartzman e Rosana Maria Nogueira
Memnon Edições Científicas
Ambiente alimentar: saúde e nutrição
Larissa Loures Mendes, Milene Cristina Pessoa e Bruna Vieira de Lima Costa
Editora Rubio
Da fome à fome: diálogos com Josué de Castro
Tereza Campello e Ana Paula Bortoletto
Editora Elefante
Do que se come: uma história do abastecimento e da alimentação em Belém – 1850-1900
Sidiana da Consolação Ferreira de Macêdo
Alameda Editorial
Guia de Segurança Alimentar e nutricional
Ana Maria Cervato-Mancuso, Elaine Gomes Fiore e Solange C. da Silva Redolfi
Editora Manole
Introdução à etnonutrição
Michelle Jacob
Insecta Editora
e-book gratuito
Nutrição e saúde pública: produção e consumo de alimentos
Flavia Mori Sarti e Elizabeth Ap. F. da Silva Torres
Editora Manole
Sistemas alimentares e alimentação sustentável
Dirce Maria Lobo Marchioni e Aline Martins de Carvalho
Editora Manole
Soberania alimentar: biodiversidade, cultura e relações de gênero
Dalva Maria da Mota, Emma Siliprandi e Maria Emília Lisboa Pacheco
Embrapa
e-book gratuito
Um pé na cozinha: um olhar sócio-histórico para o trabalho de cozinheiras negras no Brasil
Taís de Sant’Anna Machado
Editora Fósforo
Uma verdade indigesta: como a indústria manipula a ciência do que comemos
Hoje é celebrado o Dia Internacional da Mulher e, certamente, é um momento de refletirmos sobre igualdade de gênero.
Uma questão relevante quando falamos sobre isso é o acesso pleno aos alimentos, já que as mulheres estão sob maior risco de insegurança alimentar em todo o mundo, incluindo o Brasil.
Veja os dados que mostram essa realidade.
A insegurança alimentar tem aumentado em todo o mundo devido a uma série de motivos, sobretudo nos países em desenvolvimento.
A distribuição desse fenômeno pode ser bastante desigual mesmo dentro desses países, e um dos fatores associados a essa diferença é o gênero.
De acordo com o relatório SOFI de 2022, publicado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, 31,9% das mulheres estavam em insegurança alimentar moderada ou grave (fome) em todo o mundo em 2021
Para os homens, esse valor foi de 27,6%, ou seja, 4,3 pontos percentuais a menos em relação às mulheres
Se essa diferença não parecer tão grande, vale lembrar que 1% da população mundial equivale a 80 milhões de pessoas
Também há uma desigualdade regional importante. Na América Latina e Caribe, a diferença entre homens e mulheres na prevalência de insegurança alimentar moderada e grave foi de 11,3 pontos percentuais, a maior em todo o mundo
No Brasil, isso não é diferente. Segundo os dados do II VIGISAN, 25,1% dos lares em que a pessoa de referência era um homem enfrentaram a insegurança alimentar moderada ou grave em 2022.
Quando a pessoa de referência era uma mulher, esse percentual foi de 36,7%, o que indica uma diferença de 11,6 pontos percentuais
Esse valor é muito semelhante ao da América Latina e Caribe, e bem superior à diferença mundial, mostrando a grande desigualdade que existe no nosso país quando falamos de segurança alimentar e gênero
Você já ouviu falar em ecofeminismo? Sabe qual é a sua importância?
O termo ecofeminismo surgiu na Europa, na década de 1970, quando foi citado por Françoise d’Eaubonne em seu livro, Le féminisme ou la mort (O feminismo ou a morte, em tradução literal)
De forma geral, o ecofeminismo se trata da igualdade no papel de
homens e mulheres na preservação do meio ambiente.
Para além disso, o ecofeminismo também se propõe a lutar contra a desigualdade de gênero em questões relacionadas às mudanças do clima, ao acesso à terra e às repercussões dos modelos produtivos atuais.
De acordo com o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), as mulheres representam 80% das pessoas que precisaram migrar devido às mudanças do clima em 2016.
Isso se deve a uma série de fatores, como menor renda e acesso a recursos financeiros, acesso limitado à terra e menor participação em processos de decisão
No Brasil, o acesso à terra também é uma questão bastante relevante. Segundo dados do Censo Agropecuário de 2017, apenas 18,7% de todos os estabelecimentos agrícolas eram dirigidos por mulheres
No Centro-Oeste, onde há maior presença de latifúndios, esse percentual foi de somente 6,0%.
Ainda segundo o Censo, o acesso às informações técnicas para as mulheres produtoras também foi menor em relação aos homens, de 9,6% contra 14,3%
Outros pontos de debate usualmente levantados por trabalhadoras do campo são as jornadas de trabalho exaustivas, situações precárias de trabalho e a baixa remuneração
Este post foi baseado nos textos publicados no volume 5, número 2, da Revista Sustentarea, que foram escritos por Shairra Albuquerque (@filledaphrodite), Mônica Rocha (@monicarochag), Vanessa Cançado (@vanessaccs) e Nadine Marques Nunes-Galbes (@nadinemnunes).
Comunicação científica em alimentação e sustentabilidade
Está no ar o primeiro episódio da 3ª temporada do podcast Comida que Sustenta! No programa de hoje iremos abordar a importância da Comunicação Científica em Alimentação e Sustentabilidade, dois assuntos que andam lado a lado e estão presentes em nosso cotidiano.
O Encontro Sustentarea do mês contou com a participação especial:
Aline Martins de Carvalho
Nutricionista, Doutora em Nutrição em Saúde Pública e Professora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP. Coordenadora do Sustentarea.
Jornalista, Comunicadora climática, Bolsista do USP Susten e Pós-doutoranda do Saúde Planetária Brasil, ligado ao Instituto de Estudos Avançados da USP.
Nutricionista, mestre e doutoranda em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP.
Apresentação
Pâmela di Christine
Graduada em Nutrição pela FSP/USP e Mestranda em Políticas Públicas na UNILA.
E aí, bora cozinhar?
molho de tomate caseiro
ingredientes
2 tomates maduros
½ cebola
2 dentes de alho
Algumas folhas de manjericão fresco
1 pitada de sal
2 colheres (sopa) de azeite de oliva e
½ cenoura média
Modo de preparo
Pique grosseiramente os tomates, a cebola, o alho e a cenoura e coloque em uma forma;
Tempere esses ingredientes com sal, azeite e com as folhas de manjericão;
Cubra a forma com papel alumínio e leve ao forno a 200°C até que os ingredientes estejam cozidos, o que leva cerca de 15 minutos, dependendo da potência do seu forno;
Retire do forno com cuidado e bata tudo no liquidificador. Nessa hora, ajuste os temperos e acrescente um pouco de água para bater, se precisar;
Está pronto! Agora é só servir junto com a preparação de sua preferência.
O Comida que Sustenta é uma produção do Sustentarea, núcleo de extensão da USP sobre alimentação sustentável, coordenado pela Aline Martins de Carvalho, professora do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Coordenação
Nadine Marques
Apresentação
Nadine Marques e Pâmela di Christine
Apoio à pauta, roteiro e pesquisa
Nadine Marques, Mariana Hase Ueta e Pâmela di Christine
Se você segue o Sustentarea há algum tempo, já ouviu falar em sistemas alimentares por aqui, né?
Hoje trouxemos a relação dos sistemas alimentares com os desafios enfrentados pela Segurança Alimentar e Nutricional diante das atuais abordagens e interesses governamentais e econômicos do sistema alimentar global 🌎🌾
Vem com a gente entender mais sobre o tema!
Falando em sistemas…
Vale lembrar que temos os sistemas alimentares como os processos de produção, distribuição, comercialização, acesso, consumo e utilização de alimentos
É dentro desses processos, com seus diferentes aspectos políticos, socioeconômicos e ambientais, que a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) deve ser garantida
No debate sobre modelos de desenvolvimento sustentável, cada vez mais aumenta a importância de sistemas locais de SAN. A ideia é compreender os contextos locais para que assim possam emergir ações coerentes dentro do sistema alimentar global
Para entender melhor o que são sistemas locais e globais, vamos analisar dois elementos: fluxos de interdependência e mecanismos de coordenação
Fluxo de interdependência
São reflexos sistêmicos da ação dos fatores de fora sobre os componentes de dentro de um dado sistema. Um exemplo é a dimensão econômica da produção, comercialização e consumo dos alimentos.
Exemplo: por meio de programas de transferência de renda, famílias são beneficiadas, mas isso também impacta outros setores, aumentando a demanda da produção e compra de alimentos
Mecanismos de coordenação
A questão alimentar se apresenta em várias escalas – partindo de cada indivíduo até os níveis nacionais e global, com diferenças também em sua forma de interação
Exemplo: quando pensamos na alimentação dos indivíduos, esta é afetada por fatores de ordem geral, como emprego e renda (individual), enquanto a alimentação da população pode ser impactada devido a ações locais e sistêmicas, como a produção e exportação de alimentos
Esses elementos indicam que o maior obstáculo para a sustentabilidade dos sistemas locais está na promoção do diálogo entre os atores de perspectivas e interesses distintos
Tais interesses e redes políticas interferem nas ações governamentais e econômicas de produção e venda de alimentos, moldando o sistema alimentar global, que atualmente ataca a biodiversidade e a saúde, tanto pela forma de criação animal e práticas agrícolas insustentáveis, quanto pelo impacto à saúde
O foco exclusivo em setores ou aspectos isolados não sanam as demandas do desenvolvimento sustentável global, afinal, estes envolvem distintas estratégias interdisciplinares e intersetoriais
Mas… é compreendendo cada sistema local, com seus contextos únicos, que podemos somá-los para pensar em políticas públicas globais
Ah, e seguem nossas referências para que você possa se aprofundar ainda mais no assunto:
Na próxima quarta, 08/03, comemora-se o Dia Internacional da Mulher!
Pensando nisso, em todos os dias desta semana teremos um post mostrando o trabalho desenvolvido por mulheres na temática de sistemas alimentares e sustentabilidade, assim como tópicos que abrangem a igualdade de gênero neste mesmo assunto.
Para começar, trouxemos três mulheres para lá de inspiradoras que fizeram história na área da sustentabilidade. Descubra aqui quem são elas!
Ela é a autora de Primavera silenciosa, obra em que denunciou a morte de uma grande quantidade de pássaros após a pulverização aérea de agrotóxicos
O livro de Rachel foi um instrumento importante para o debate eregulamentação do uso de agrotóxicos nos Estados Unidos
Sua contribuição científica despertou a consciência ambiental e influenciou diversas gerações de ativistas e pesquisadores em todo o mundo
Ana Maria revolucionou a agricultura na América Latina ao propor novas técnicas de plantio em climas tropicais
Sua obra mais famosa, Manejo ecológico do solo: a agricultura nas regiões tropicais, se tornou uma referência para as ciências agrárias e a agricultura de base agroecológica
O Dia Nacional da Agroecologia é comemorado em 03 de outubro, data de seu aniversário, como uma homenagem ao seu grande legado
Wangari foi a responsável pelo Movimento Cinturão Verde, ação que promoveu o plantio de milhões de árvores em seu país natal
Após esse fato, ela passou a incorporar a dimensão política em seu ativismo, lutando pelo direito das mulheres e à terra
Devido ao seu trabalho, Wangari foi agraciada com o Nobel da Paz em 2004, sendo a primeira mulher nascida na África a conquistar o prêmio
O texto no qual esta postagem se baseia por escrito por Beatriz Machado Martins (@biaammartins) e Ana Maria Bertolini (@anabertolinii), e pode ser acessado gratuitamente na Revista Sustentarea, v. 5, n. 2.