CPaS-1 – Coletive de Pesquisa em Antropologia, Arte e Saúde Pública

Algumas Palavras des alunes

Algumas palavras de alunes sobre a primeira Transa de Saberes que aconteceu no dia 27 de junho de 2022 no anfiteatro João Yunes da FSP/USP. Ela fez parte das comemorações dos 35 anos do I Encontro Nacional de Prostitutas, na cidade do Rio de Janeiro em 1987, e é parte das atividades do projeto de pesquisa e nucleação “Cosmopolíticas do cuidado no fim-do-mundo”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e coordenado por José Miguel Nieto Olivar, FSP/USP. O evento teve transmissão online através do canal de Youtube da FSP/USP, contou com a presença das mestras Lourdes Barreto (Pará), Edna Maciel (Amapá), Jesus Costa (Maranhão), Denise Viana (Amazonas) e pode ser visto aqui: https://youtu.be/B2mXASwxaxc .

A primeira coisa que me vem à cabeça é dizer que foi a palestra mais incrível que eu já tive a honra de assistir e participar, eu tenho um problema de conseguir manter o foco na mesma coisa por muito tempo, mas nessa palestra eu não conseguir em outra coisa se não no que foi falado. Pra mim foi muito importante porque tudo o que eu sabia ou pensava que sabia sobre as putas eram coisas extremamente negativas, porque eu nunca pesquisei sobre, as pessoas que me falavam, e pude ver que ou era tudo mentira ou meias verdades, eu amei muito saber da importância das prostitutas para a saúde e de todo essa noção de comunidade, parece idiota mas na minha cabeça as prostitutas não eram humanas, não sei como explicar isso, porque eu mesmo nunca entendi direito essa minha falta de noção bizarra, fiquei muito feliz de saber como eu estava errado, e ainda aprender muitas coisas do outro ponto de vista.

G.

                                                                                                                             

A palestra e a temática, como era de se esperar, causam estranhamentos e desconfortos, porém acolhe: as trajetórias biográficas de cada uma das mulheres palestrantes me parecem servir como um guia prático para ações de políticas. A prostituição é um campo de operação de relações de poder, na qual, no íntimo da profissão, múltiplas são as possibilidades de violência. Mesmo assim, foi incrível ouvir Lourdes Barreto falando sobre afetos e carinhos que encontrou no garimpo, uma perspectiva que me parecia tão distante na prostituição – o lugar da amabilidade.

G.

               

A palestra foi muito interessante para mim, pois eu sou natural de Guanambi, uma cidade de quase 90 mil habitantes que fica no sudoeste da Bahia. Por ser uma cidade relativamente pequena, ainda há uma visão muito estigmatizada sobre a prostituição, onde a maioria não ver isso como uma profissão normal da mesma forma que veem um professor, advogado e etc. Como foi falado na sala por algumas colegas, também me senti muito confortável e feliz em saber que grandes mulheres com bastante experiência de vida estão alcançando lugares representativos. A Lourdes em um certo momento falou que independente desta profissão em que ela escolheu seguir, ela é dona do próprio corpo. Achei isso muito bonito porque na maioria das vezes as pessoas acham que as prostitutas são “do mundo” e que qualquer um pode chegar e mandar nelas da forma que quiser. Outra fala que me impactou muito foi a da Jesus, que explicou sobre a importância de amar, acolher, cuidar e tratar do outro, visto que se não cuidar, o problema se multiplica e torna muito pior. Isso continua na fala da Edna, que também diz sobre o valor do cuidado ao próximo. Ela, que atualmente é uma agente de saúde, nunca perdeu o seu instinto e assim como a Jesus, também acredita que devemos lutar pelos nossos direitos. Por fim, a Denise também abrilhantou a palestra, impactando com sua fala sobre o SUS: “O SUS é lindo, funciona muito bem, o problema é os profissionais que estão do outro lado te atendendo”. Obrigada, Denise! Usei sua fala na apresentação do trabalho de antropologia na aula do dia 30/06

R

               

As falas de Loures, Jesus, Edna e Denise me causaram vários sentimentos. A primeira coisa é que me senti muito confortável. Vivi toda minha infância e adolescência no Norte e os sotaques me teletransportaram pra lá. É muito bom ver nortistas e nordestinas ocupando espaços como a Universidade de São Paulo também como sujeitos e não apenas objetos de pesquisa. Acredito que a partir do evento eu construí aprendizados acadêmicos e também a nível pessoal. Foi um bom ponto de partida para eu desconstruir a minha visão da trabalhadora sexual como vítima, aprendi mais sobre as relações de gênero específicas do ofício das palestrantes, foi interessante perceber algumas visões que as mulheres apresentaram sobre si e sobre o mundo, gostei das relações espaciais que envolvem o conceito de “zona”. Reforçou meu sentimento de que realmente quero estudar (também) sexo e sexualidade. Já para o lado pessoal, acho difícil uma pessoa passar ilesa – no bom sentido – à frase “cu não se compra, cu se conquista”. Sempre estranhei o choque das pessoas, inclusive de “jovens descolados”, em ouvir certas coisas do âmbito da sexualidade e o fato de Edna ter falado essa frase para diversas pessoas enquanto era gravada me trouxe uma segurança muito boa. Fico feliz e animada com a perspectiva de que comparecer a esse evento logo no início da graduação fará com que nossa turma sempre pense sexualidade como algo atrelado à saúde e saúde coletiva e também nunca esqueça de pensar na saúde das trabalhadoras sexuais.

S.

A palestra “Transa dos Saberes” abordou pontos sobre a prostituição que dificilmente são discutidos, grande parte das informações passadas para nós foram inéditas. Logo no início foi comentado os seguintes temas: fragilidade masculina, as diversas dificuldades que o norte e o nordeste do Brasil enfrentam, a luta das prostitutas pela conscientização sobre o uso de preservativos, tanto para as trabalhadoras quanto para os clientes, a luta pelos direitos sexuais e reprodutivos, o senso comunitário, além da questão da maternidade e da moradia. Com isso, percebe-se também que o movimento social que elas participam, além de ser conscientizador de saúde, também é conscientizador sobre a noção de pertencimento que cada uma precisa ter, a importância de se reconhecerem como pessoas de direitos e de que podem e devem lutar pela sua garantia. Durante o evento, uma das partes que mais me chamou atenção foi a relação e as funções que as prostitutas exercem quando vão aos garimpos, da questão do trabalho sexual, doméstico, bancário, de saúde e muitas vezes de assistência. O que foi abordado várias vezes durante a palestra, são as múltiplas funções que as prostitutas possuem no seu trabalho e da importância de acolher e aconselhar os clientes em vários momentos. Outra pauta extremamente importante e que nós, como estudantes de saúde pública presenciamos constantemente nas nossas aulas, é a questão da defasagem de uma saúde pública humanizada, que muitas vezes as pessoas são discriminadas durante um atendimento e que alguns profissionais da saúde não possuem preparo para olhar os pacientes com empatia, mas sim como mais um número a ser atendido. Uma das frases mais marcantes foi quando comentaram que a saúde pública é para tratamento e não só para projetos, vários projetos incríveis estão no papel, mas grande parte deles fica por isso mesmo, sem a adoção dessas políticas públicas no nosso sistema de saúde. Com a pandemia do COVID, o número de pessoas trabalhando com a prostituição aumentou, mesmo assim, como foi citado pelas palestrantes, o número de prostitutas que morreram na pandemia foi baixo, e que o número de clientes que falaceram foi muito alto, muitas vezes o falecimento estava ligado com a idade mais avançada. Por fim, devido à lei da vadiagem, muitos dos relatos sobre prostituição precisam ser buscados a partir de arquivo policial, o que dificulta um pouco mais as nossas pesquisas sobre o assunto. O evento foi enriquecedor e mudou minhas percepções sobre vários assuntos, agradeço a todas por terem dedicado parte do tempo delas para compartilhar o conhecimento conosco.

F

Rompendo com uma série de preceitos e construções sócio-históricas em torno da prostituição, as falas de Lourdes, Jesus, Edna e Denise trouxeram um lugar de acolhimento, que muito remeteu às conversas com a minha avó. Desestigmatizar o lugar da puta na sociedade contemporânea é algo urgente, e as quatro mulheres apresentaram essa força mobilizadora.

Os relatos de violência policial sofridos por todas denunciaram uma conduta moralista do Estado sobre a atividade sexual (o que não surpreendeu), que serviram de reflexão para pensar no lugar de vítima onde tão comumente é colocada a figura da prostituta. Uma vez que a violência que eu sofro e o que entendo enquanto violência num âmbito intelectual é muito particular, o que me foi apresentado pelas quatro é completamente diferente em um âmbito de vivência e compreensão, o que torna o discurso vitimista algo muito que parte de quem vê. Também foi importante ouvir sobre o trabalho de educação sexual e sanitária que, mesmo por uma necessidade de sobrevivência neste ofício, as putas acabam por fazer no lugar dos órgãos públicos, quem deveria de fato se ocupar desta função. Foi muito bonito ouvir sobre cuidado, sobre afeto, sobre os amores acidentais da profissão e sobre todas as condutas e escutas que a zona ensinou enquanto escola.

A puta que é mãe e que faz o mundo pelos filhos foi o que mais marcou. Como mãe, não me vi distante de nenhuma das quatro. Senti suas dores, suas motivações, e a busca incessante para proporcionar um mundo melhor para quem fica. O relato de perda da Denise, acompanhado de uma defesa (ainda convicta) no sistema de saúde brasileiro, mostrou que a luta por democracia e humanidade no mundo em que vivemos ainda é possível e vale a pena.

O evento ficou ecoando na minha cabeça por muitos dias e, como já era do meu interesse pesquisar sobre a prostituição no Brasil, fui atrás dos movimentos organizados que existem para ver e ler mais a respeito. Descobri um mundo inteiro que deveria ser mais conhecido por todes. O contato durante o evento foi muito importante para saber qual rumo tomar na pesquisa. Sou muito grata pela oportunidade!

R

Em outras oportunidades que tive de ouvir Lourdes sobre o movimento, nunca sua fala era sobre luta, vitórias ou sofrimentos individuais. A coletividade sempre esteve presente em cada palavra proferida. Uma coletividade interdependente na busca por direitos e conquista de espaços para putas que muitas a própria Lourdes talvez nem conhecesse, mas que as referenciava em suas colocações. É incrivelmente inspirador ouvi-la falar sobre família – uma palavra sequestrada por tantos que pregam o ódio e a destruição -, sobre filhas/os, netas/os e bisnetas/os, me fazendo reconfigurar minha imagem sobre a puta como uma mulher sozinha em uma esquina esperando um cliente. Escutar Lourdes me leva a pensar o cuidado despendido para aquelas/es que ama cotidianamente, enfrentando tantos estigmas, perigos e prazeres. Lourdes Barreto aponta, diante de sua vasta experiência e de sua calorosa afetividade, caminhos de luta efetivos diante de negligências e estruturas que não estendem políticas de cuidado e de saúde, como deveriam. Com um microfone na mão e um brado (“Putas Unidas, Jamais Serão Vencidas”) é possível criar alianças potentes e balançar algumas estruturas.  Os testemunhos de Jesus, Lourdes, Edna e Denise, no evento “Transa de Saberes”, mostram de forma clara como o avanço em políticas públicas de prevenção, direitos sexuais e em vários outros âmbitos da saúde coletiva foram tecidas e conquistadas graças ao enfrentamento de putas, e que muitas vezes seus nomes nunca são creditados. Impossível sair indiferente após ouvir estes pequenos fragmentos das histórias e saberes destas mulheres, sobre suas atuações como agentes de mudança, de cuidado e de saúde. 

M.

A partir das conversas do encontro “Transa de saberes”, senti-me acolhido por uma luta pela emancipação, pela dignificação e pela liberdade. As falas agregaram não apenas para uma formação acadêmica, mas também para uma construção humana para além da atuação profissional. Foi marcante, para mim, a restituição de humanidade para uma luta tão estigmatizada e alvo de preconceitos. Maravilhamento e respeito resumem a experiência.

RS.

A palestra “Transa dos Saberes” é essencial não só para a disciplina de antropologia como também para o curso de Saúde Pública. Sanitaristas devem saber trabalhar com saúde da população, e mesmo sendo muito ignoradas, as prostitutas são parte dessa sociedade e precisam de visibilidade principalmente na saúde. Creio eu que todos aprendemos a ter um pouquinho mais de empatia por conhecermos essas mulheres que nos mostram como tudo aquilo é um trabalho que alimentou sua família, seus filhos, os levaram para universidades e até para outros países. E que, acima de tudo, elas são pessoas, pessoas que merecem muito carinho, amor, empatia e compaixão.

OM.

O evento Transa de Saberes evidenciou que o aprendizado e pensamento crítico próprio ao universo acadêmico acelera de forma surpreendente com a presença e palavra aberta de pessoas fundamentais para o estudo da sociedade brasileira e latinoamericana, em particular aos temas humanos, sociais e políticos próprios às concepções de Promoção da Saúde, Política de Saúde e Direitos Humanos. O espaço para a fala dessas pessoas é necessário mais por suas histórias e percursos de vida do que por suas formações acadêmicas. A presença do Movimento Brasileiro de Prostitutas na Universidade é indispensável para a reflexão sobre as condições objetivas de vida das mulheres brasileiras e latinoamericanas tanto no passado como presente ou futuro, e em suas condições de forças, vulnerabilidades e contradições que constrangem o senso comum a respeito das auto definições sobre o ser mulher e sobre o ser puta. O movimento não se separa da história da organização social e política no Brasil, e dessa forma, da história da saúde pública, da cidadania brasileira e do SUS, dos direitos humanos, reprodutivos e da saúde da mulher no Brasil e América Latina. 

Lourdes criou a Rede Brasileira de Prostitutas ao lado de Gabriela Leite, um acontecimento fundamental para a história da organização política e participação social no Brasil. Sua vida não se separa da história do Brasil moderno, devido a sua presença transversal em realidades brasileiras e latinoamericanas plurais, como o passado de miséria no Nordeste, o garimpo de Serra Pelada, a Ditadura Militar, as Conferências Nacionais de Saúde e a emergência do SUS. É reconhecida por suas contribuições fundamentais para a cidadania e direitos das mulheres, das prostitutas, da educação sexual e do enfrentamento à AIDS e demais ISTs no Brasil. 

Jesus é ativista em São Luis do Maranhão, fazendo parte de movimentos organizados de bairro, de putas, de mulheres e LGBTs. Sua fala foi uma aula sobre a atuação do movimento de prostitutas em relação ao reconhecimento da prostituição como categoria de trabalho e a justa separação de suas sujeições à violência. A sobrevivência prática da mulher pobre e negra em uma sociedade machista e de oportunidades desiguais; os valores essenciais para o fazer em Saúde Pública, o SUS e seus profissionais nos sentidos dados ao cuidado e acolhimento; a conscientização política, a participação social, o empoderamento de vulneráveis, o legado da cidadania e a formação acadêmica e profissional coerente às urgências públicas foram temas destacados de forma essencial.  

Edna é prostituta, Agente de Saúde e ativista no Amapá pelos direitos da mulher, das prostitutas e de educação sexual. Já percorreu diversos prostíbulos na região Norte do país, promovendo comunicação em saúde e educação sexual. Deu um depoimento sobre a luta das prostitutas por direitos se tratar da mesma coisa e de forma independente ao território, como um tema político que contempla mulheres de todo o Brasil e que depende da ampliação da cidadania nas categorias do Estado, das práticas dos profissionais de saúde e do acesso e defesa à Saúde Pública. 

Denise é prostituta e ativista no movimento organizado de prostitutas de Manaus. Se apresentou como prostituta de uma geração diferente em relação às colegas, relatando uma transformação em sua vida a partir do encontro com formas de associação e organização política. Por meio dessas, conheceu conceitos como direitos de trabalho, direito à saúde, educação sexual e preconceito social. Segundo ela, a transformação se deveu ao reconhecimento da violência e do preconceito em sua vida vinculados ao posicionamento de ser prostituta, bem como das possibilidades de empoderamento introduzidas pelo SUS.

Acredito que a aceleração do aprendizado se deu porque cada depoimento serviu como uma aula inteira, somados aos debates e questionamentos despertados entre os participantes. Dessa forma, a Transa de Saberes foi como muitas aulas em somente uma, ou como muitos cursos em uma aula.

M.

Quando se pensa em prostitutas? Acreditava que esta era uma temática que permanecia apenas na mente daqueles que de alguma forma almejavam pelos serviços prestados neste ofício, porém, para meu espanto, mesmo não tendo nenhum interesse sexual, após participar da roda de conversa “Transa de saberes” constantemente me pego pensando no assunto.

Sexo é uma temática permeada de estigmas e de certa forma um tabu para a sociedade, e para mim não foi diferente até eu experienciar minha sexualidade. Em relação a todos os boatos que corriam ao meu redor sobre o assunto, aprendi que nem tudo era tão fantasioso ou obsceno quanto o que era falado; ainda assim, haviam assuntos que não pareciam “certos” para serem comentados, sendo um desses assuntos a prostituição.

Admito que as raras vezes que pensava sobre prostitutas, as ideias circundantes eram extremamente superficiais e se resumiam em vertentes levianas do senso-comum, que nesse tema considero como os estigmas higiênicos e patológicos associados às trabalhadoras sexuais, relação com marginalidade e drogas, solidão, sofrimento, pobreza, descompromisso emocional afetivo e por fim um protótipo de empatia, refletido em um discurso de pena e vitimização. Em resumo, pensava de maneira sem escrúpulos sobre todas as coisas ruins que ser puta significavam.

Na roda de conversa, porém, me deparei com uma situação diferente da imaginada: mulheres vestidas como “quaisquer outras” e ainda por cima, inteligentes e com afiado senso de humor, mesmo tendo bastante idade! Por algum motivo achei que elas fossem mulheres muito jovens e que apareceriam com roupas que valorizassem as atratividades do corpo. As participantes contaram um pouco sobre a história pessoal delas em conciliação com os ideais e conquistas do Movimento Brasileiro de Prostitutas.

Famílias numerosas, amor, garra, sonhos, desejos, conflitos e muita luta foram explicados para todos os participantes, que não sei se presenciavam as mesmas realizações que eu. Conforme o tempo passava e eu assimilava todas as informações discutidas, me questionava como nunca havia reparado nesse novo mundo que me era apresentado. Como era um conhecimento tão distante se havia um puteiro há uns oito minutos de caminhada da minha casa? Como era um assunto tão distante se algumas necessidades, situações e sonhos das putas eram os mesmos que os meus?

BPC.

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