Escrito por Caroline Zani e Gesiê Castro, nutricionistas
O tratamento de pessoas com obesidade e sobrepeso tem se caracterizado por dietas de baixas calorias, prescritas conforme adequação de nutrientes, e aumento de atividade física. Nota-se que profissionais da saúde podem indicar a substituição de alimentos por refeições preparadas e suplementos alimentares para contemplar as dietas hipocalóricas.
Entretanto, fundamentar a orientação alimentar na adequação de nutrientes é reduzir o conceito da alimentação, ao que chamamos de “nutricionismo”. Conforme o Guia Alimentar para a População Brasileira (2014), a recomendação para uma alimentação saudável, entre outras questões, baseia-se em: alimentos de qualidade, isto é, que apresentam mínima ou nenhuma alteração quando extraídos da natureza, e preparações culinárias feitas a partir desses alimentos; respeito às tradições regionais e culturais; comer com atenção e regularidade.
Sendo assim, a substituição de alimentos por suplementos e refeições preparadas, como shakes de farmácia, sopas prontas e barras de cereais, não deveria ser incentivada, uma vez que a qualidade dos alimentos e comida (de verdade) é superior em vários aspectos, inclusive pelas características culturais, afetivas, físicas e nutricionais. Nesse sentido, seria interessante o estímulo à comida caseira, preparada em casa ou comprada em locais conhecidos, conforme a possibilidade de cada um, e a orientação de substituições e quantidades plausíveis.
Além disso, é provável que dietas prescritas com baixas calorias estejam distantes da realidade alimentar do paciente, e na maioria dos casos não atingem nem o mínimo de energia necessário para que o indivíduo realize suas atividades básicas. Isto pode desencadear frustrações, ansiedade e comportamentos de risco para o desenvolvimento de Transtornos Alimentares, como a Compulsão Alimentar. Na verdade, a orientação alimentar deve considerar o indivíduo como um todo (hábitos, história, necessidades, preferências) e ocorrer de forma gradual, respeitando o tempo pessoal de mudança para ser eficiente.
Outra questão é considerar a perda de peso ou melhora dos exames bioquímicos para obter “sucesso” no tratamento. É possível que o paciente tenha mudado um hábito, como passear no parque com a família ou utilizar mais vezes a escada do que o elevador, sem necessariamente resultar em perda de peso ou melhora do colesterol, por exemplo. A mudança deve ser incentivada e reconhecida como parte do tratamento.
Por fim, um ditado popular comumente utilizado para direcionar quem está em dieta é bastante intrigante: “Coma no desjejum como um rei, almoce como príncipe e jante como pobre”. Esta recomendação causa estranheza em pelo menos duas perspectivas: ressalta as diferenças de classes econômicas para recomendar a quantidade de comida; ignora a fome do indivíduo no momento da refeição e estipula o número de refeições no dia.
Logo, é importante refletir sobre o tratamento atual da obesidade e sobrepeso: será que tem sido o mais eficiente? No CRNutri oferecemos atendimentos em grupo e individual, que consideram as necessidades e características de cada pessoa, levando em conta o seu comportamento alimentar. Se você residir em nossa área de atendimento ou pertencer ao Quadrilátero da Saúde/Direito da USP, poderá participar de uma triagem, onde iremos direcioná-lo da melhor forma. Seguem os horários da triagem:
- Segunda, quarta e sexta-feira às 07h30.
- Terça e quinta-feira às 11h00.
Área de atendimento: http://www.fsp.usp.br/csepaulasouza/
Guia Alimentar: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/05/Guia-Alimentar-para-a-pop-brasiliera-Miolo-PDF-Internet.pdf
Contato: crnutri.usp@gmail.com
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