Primeiro a avaliar a variação de peso durante a pandemia, o NutriNet Brasil identificou entre os 14.259 adultos acompanhados uma prevalência de ganho e de perda de peso (equivalente a pelo menos 2 kg) de 19,7% e 15,2%, respectivamente. A prevalência de ganho de peso foi maior que a de perda de peso no conjunto de participantes e também entre as pessoas de ambos os sexos, com ou sem excesso de peso anterior ao estudo, de todas as regiões, níveis de escolaridade e faixas de idade, exceto entre 55 e 64 anos, em que as frequências encontradas foram semelhantes (14,3% e 14,6%, respectivamente). Ser mais jovem, do sexo masculino e ter apresentado excesso de peso no início do estudo (IMC ≥ 25 kg/m2) foram fatores de risco tanto para o ganho quanto para a perda de peso. Por outro lado, a escolaridade mais baixa (11 anos ou menos de estudo) foi fator de risco somente para o ganho de peso. “Em relação à escolaridade, indivíduos com mais anos de estudo podem ter desenvolvido comportamentos alimentares mais favoráveis, talvez por disporem de maior tempo para preparar refeições e/ou por terem um acesso maior a informações sobre a importância da nutrição na defesa contra a COVID-19. Já pessoas com menor escolaridade podem ter tido menor acesso a alimentos frescos e/ou ter sido mais afetados pela publicidade de alimentos não saudáveis no período”, explica a nutricionista e epidemiologista Caroline Costa, primeira autora do artigo. “Quanto ao excesso de peso, a pandemia provavelmente levou uma parcela dos participantes com essa condição a se preocuparem com a saúde, adotando comportamentos mais saudáveis; a outra parcela pode ter sido afetada pelo estresse causado pela pandemia, resultando em comportamentos que favoreceram o ganho de peso”, esclarece. 

 

Costa, Caroline dos Santos et al. Body weight changes in the NutriNet Brasil cohort during the covid-19 pandemic. Revista de Saúde Pública [online]. 2021, v. 55, 01. Disponível em: <https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2021055003457>. Epub 01 Mar 2021. ISSN 1518-8787.