Mais um país adere à classificação NOVA de alimentos para fazer recomendações sobre uma alimentação adequada e saudável. Por meio do Instituto Flamengo para uma Vida Saudável, a Bélgica passa a incentivar o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados como base da boa alimentação, desencorajando a ingestão de produtos ultraprocessados.

O país europeu se une a outras nações que reconhecem o poder nocivo dos ultraprocessados — como Canadá, França e Uruguai —, seguindo o pioneirismo do Brasil, que criou a classificação NOVA e fez dela a base do Guia Alimentar para a População Brasileira.

O instituto belga é um centro independente de especialização sem interesses comerciais. Seus recursos são obtidos por meio de acordos de gestão e projetos do governo flamengo. A ideia é dar espaço a temas relacionados a prevenção, como nutrição, atividade física, sustentabilidade e saúde mental, entre outros assuntos.

Triângulo invertido belga: destaque para ingestão de água, amplo consumo de vegetais e menor quantidade de carne vermelha. Em vermelho, ultraprocessados estão fora

O modelo belga

Com o objetivo de dar recomendações que possam ser seguidas a longo prazo — e levando em conta os hábitos alimentares da população local — o instituto criou um sistema triangular (sem relação com o modelo de “pirâmide alimentar” americano, adotado anteriormente no Brasil).

A ideia é que a população seja guiada por um triângulo invertido, em que o topo (mais largo) abriga os alimentos prioritários na alimentação saudável e a parte inferior (mais estreita) abriga alimentos que devem ser consumidos com moderação.

Em linhas gerais, a ingestão de água e o consumo de vegetais, frutas, leguminosas (como feijões), oleaginosas (como nozes) e grãos integrais são as opções preferenciais. Logo abaixo, peixes, aves, ovos e laticínios. Por fim, com menor ênfase, a carne vermelha.

Ultraprocessados estão fora da dieta saudável

O modelo traz, ainda, um círculo vermelho ao lado do triângulo, indicando os alimentos que não devem ser inclusos em uma alimentação adequada e saudável. Neste espaço, estão destacados os ultraprocessados.

“Estes produtos são calorias vazias. Eles não são necessários para uma dieta balanceada e podem até prejudicar a saúde quando ingeridos em demasia. Isso porque são cheios de sal, açúcar e gordura. Doentios, mas infelizmente atraentes”, diz o site do instituto.

Entre os ultraprocessados citados no modelo estão bebidas açucaradas (como refrigerantes e energéticos), chocolates, bolos, biscoitos, fast food, caldos em pó à base de sal e carnes processadas.

As recomendações de alimentação saudável na Bélgica estão disponíveis no site do instituto, apenas em holandês.

Além da preocupação com a saúde humana, as recomendações belgas também chamam a atenção para a saúde planetária. Nesse sentido, destacam que ainda não existem estudos que analisem todo o ciclo dos ultraprocessados: da cadeia produtiva até o processamento dos resíduos, passando pelo comportamento do consumidor. Ainda assim, esclarecem que cada etapa deste ciclo tem seu impacto ambiental, e lamentam que bons ingredientes sejam desperdiçados em alimentos não nutritivos.