País com um consumo notável de alimentos ultraprocessados, os EUA tiveram aumento expressivo na ingestão desses produtos na população jovem entre 1999 e 2018. Esta é a conclusão de um estudo publicado na revista científica JAMA e realizado por cientistas da universidade americana Tufts, e que contou com a participação de Eurídice Steele, pesquisadora do Nupens. Veja a pesquisa na íntegra (acesso sujeito a registro no site da revista e/ou assinatura).

O objetivo do estudo é investigar as tendências de consumo de ultraprocessados no país. Dados anteriores à análise já mostravam que as taxas de obesidade infantil aumentaram constantemente nas últimas duas décadas. Apesar de evidências associarem o consumo de ultraprocessados à ingestão excessiva de calorias e ao ganho de peso, era necessário entender o caso americano com mais detalhes.

Para isso, os cientistas analisaram dados da pesquisa NHANES, que coleta anualmente informações de saúde e alimentação de amostras significativas da população americana. O foco foi investigar os ciclos da pesquisa entre 1999 e 2018, observando dados de pessoas de 2 a 19 anos de idade. Os resultados mostram que o consumo de ultraprocessados subiu de 61,4% para 67%, enquanto a ingestão de alimentos in natura e minimamente processados teve queda de 28,8% para 23,5%.

Os dados motivaram a JAMA a publicar um editorial sobre as questões que envolvem a alimentação nos EUA. As autoras do texto — duas cientistas da Universidade da Carolina do Norte — destacam o uso da classificação NOVA de alimentos na metodologia da pesquisa, frisando seu atual caráter de padrão-ouro em estudos de alimentos com algum grau de processamento.

“As potenciais implicações para o futuro da saúde são significativas. A infância é um período crítico para o desenvolvimento biológico e estabelecimento de comportamentos alimentares”, afirmam as cientistas.

Ao longo do texto, elas discorrem sobre as limitações que a ciência encontra ao realizar pesquisas envolvendo o processamento de alimentos, mas destacam que, independentemente das dificuldades, os resultados são consideráveis e alarmantes.

“Os sistemas alimentares atuais estão estruturados para promover o consumo exagerado de alimentos ultraprocessados, e se baseiam em uma variedade de estratégias como preços e promoções, marketing agressivo, foco na população jovem (especificamente negros e latinos) e alta disponibilidade destes produtos em escolas.”

Elas concluem que é importante dar continuidade aos estudos na área, e que as evidências científicas devem auxiliar na estruturação de políticas públicas.

Leia a íntegra do editorial (acesso sujeito a registro no site da revista e/ou assinatura).