Anvisa deve definir o novo modelo de rotulagem em reunião no dia 7 de outubro; Proposta de triângulos de advertência se mostrou a mais eficaz para informar o consumidor

Modelo de rotulagem proposto pelo Idec mostra triângulos de advertência sobre os excessos de sódio, açúcar e gorduras saturadas

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) define, na próxima quarta-feira (7/10), o novo modelo da rotulagem de alimentos. A discussão é antiga: desde 2014, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) vem colocando em pauta a importância de mudar as regras dos rótulos para levar ao consumidor mais informações sobre os alimentos industrializados.

Hoje, não há obrigatoriedade em apontar, no rótulo dos produtos, altas quantidades de açúcar, gorduras e sal — ingredientes amplamente adicionado aos alimentos ultraprocessados e comprovadamente nocivos à saúde humana quando em excesso. Na hora da escolha, o consumidor fica à mercê das estratégias de marketing da indústria, que usa a rotulagem para vender um alimento como saudável, ainda que o produto não seja nutricionalmente equilibrado.

Uma série de entidades apresentaram propostas de rotulagem ao longo da consulta pública sobre o tema, aberta pela Anvisa. Diversos estudos científicos apontaram a opção elaborada pelo Idec como a mais eficaz para o entendimento do consumidor sobre as reais características de um determinado produto. Trata-se do modelo dos triângulos de advertência.

A proposta prevê a inclusão de triângulos pretos com mensagens simples e diretas sobre o excesso de sódio, açúcar, gorduras saturadas e totais, além de apontar para a existência de adoçantes e gorduras trans, como se vê a seguir:

O modelo é inspirado na solução adotada pelo Chile para alertar os consumidores. Por lá, octógonos pretos indicam se o produto é altamente calórico, ou se uma quantidade inadequada de sal, açúcar e gordura.

A experiência do país andino foi positiva. Um estudo da universidades do Chile, Diego Portales (também chilena) e da Carolina do Norte (EUA) detectou melhora de hábitos alimentares da população local após a adoção da nova rotulagem. Isso porque os consumidores passaram a compreender com maior clareza a composição dos produtos.

A pesquisa inclui uma entrevista com mães de crianças e adolescentes, e mais de 90% das entrevistadas afirmaram valorizar os selos de advertência e entender seu significado.

Assim como ocorreu nos ataques ao Guia Alimentar, a questão é permeada por um claro conflito de interesses que envolve a indústria de alimentos. Você pode apoiar a rotulagem clara e transparente assinando a petição do Idec sobre o tema.

Saiba mais sobre a rotulagem de alimentos no especial produzido pelo Idec.