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Memórial do Jardim Colombo sobre a pandemia
Como parte do processo de registro da memória da pandemia no Jardim Colombo, pensamos primeiramente em um site, como uma espécie de memorial virtual, onde poderíamos hospedar todo o conteúdo audiovisual produzido junto às moradoras. O site “Memorial do Jardim Colombo sobre a pandemia” já está em circulação, com os vídeos dos depoimentos das participantes das oficinas.
Outro canal bastante utilizado pelo projeto é uma conta de Instagram criada com a finalidade de universalizar todo o conhecimento produzido durante o período. A ideia central é ser uma espécie de diário, contendo todas as atividades realizadas pelas equipes.
Na elaboração das oficinas audiovisuais, foi estruturada uma metodologia de aprendizado em conjunto, onde pudesse haver um momento de troca com os participantes sobre suas percepções e vivências da pandemia, e em paralelo uma linearidade didática sobre os processos audiovisuais para a construção dos vídeos depoimentos. A ideia inicial era que as próprias pessoas se gravassem (utilizando o próprio celular) contando sobre um acontecimento ou fato que sentisse à vontade para relatar sobre a pandemia. Ao longo das oficinas, foram oferecidos suportes para que esse feito pudesse ser realizado.


Na concepção do conteúdo do site pensamos em diferentes formatos de registro para essas memórias compartilhadas pelas mulheres: vídeos, histórias em quadrinhos, textos de blogs e artigos, e imagens fotográficas, com o objetivo de possibilitar a ampla compreensão dos achados da nossa pesquisa. O site, com design gráfico feito pela bolsista do projeto e moradora do território, Kamilla baes (também designer do site internacional), segue a identidade visual já definida para o projeto, com inspiração na atual paleta do Ministério da Saúde brasileiro.
As histórias em quadrinhos feitas a partir dos depoimentos captados também se tornaram um livro físico, que será lançado em um evento na sede do Projeto Viver, no dia 25 de março de 2025, no Jardim Colombo, onde foi conduzida a segunda turma das oficinas de audiovisual. As ilustrações contaram com a arte de Bruna Bandeira, da Imagine e Desenhe, ilustradora, pedagoga e moradora da periferia do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo. Os textos foram adaptados pela pós doc do projeto, Pamella Liz, extraídos das entrevistas captadas ao longo de 2024.


Os objetivos do livro estão entre a disseminação de muito trabalho produzido em conjunto, como forma de retorno, nessa relação entre pesquisador, academia e comunidade. Para a diagramação do livro, contamos com o trabalho da diagramadora Dora Lia, da Dillasete. Serão impressas cópias para cada uma das mulheres, além de deixar uma cópia no acervo bibliotecário do espaço onde foi realizada a última oficina, para consulta da população.
Na mídia
O nosso projeto saiu em alguns meios de comunicação que valorizam a pesquisa científica, a preservação da memória e o trabalho feito em parceria com as favelas e comunidades. Fomos procuradas para dar uma entrevista para a TV Brasil, da Empresa Brasileira de Comunicação – EBC, emissora pública brasileira, sobre os cinco anos da covid-19. A equipe entrevistou a professora Deisy Ventura, a bolsista Kamilla Bianca e as moradoras Luzia Calixto e Neia Nascimento, participarantes das oficinas audiovisuais. As entrevistas foram realizadas no Jardim Colombo e a matéria foi ao ar em 10 de março de 2025, em um copilado de entrevistas com profissionais da saúde, moradores de periferias e trabalhadores do setor funerário.
Kamilla relata a importância da realização da matéria, onde pôde contar um pouco sobre o trabalho da nossa pesquisa e também da favela do Jardim Colombo, bem como sua resposta à pandemia na época, e os períodos de troca com as mulheres. Ter a marca do projeto em espaços midiáticos mostra a relevância do nosso trabalho, ecoando essas vozes para serem ouvidas em mais lugares. A reportagem completa pode ser acessada pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=rEMz0OFKiS4&ab_channel=TVBrasil
Em outubro de 2024, a agência de notícias Espaço do Povo publicou uma matéria sobre um grupo de pesquisadores, incluindo duas residentes do complexo de Paraisópolis, que participaram de um seminário internacional na Universidade de Toronto, Canadá.
Durante a entrevista, as pesquisadoras de Paraisópolis compartilharam suas experiências e os desafios enfrentados por suas comunidades durante a pandemia de Covid-19. Além disso, destacaram o sentimento de reconhecimento e valorização que encontraram dentro de suas próprias comunidades, ressaltando a importância do trabalho de pesquisa para o fortalecimento dos laços locais e a construção de soluções para os problemas enfrentados
Como moradora e pesquisadora de Paraisópolis, Vitória relata sobre sua experiência, a oportunidade de compartilhar seu trabalho de campo, desenvolvido dentro da sua própria comunidade, sob uma perspectiva profissional que proporcionou a ela uma experiência única e enriquecedora.
Ser reconhecida como uma potência pelos veículos de informação locais transcende a simples validação profissional. Essa visibilidade transformou seu trabalho em um ponto de esperança e um catalisador para a mudança social. A cada reportagem, entrevista ou menção, fez criar mais força para prosseguir, inspirando outros moradores a acreditarem em seu potencial e a lutarem por seus direitos. Essa sensação de impactar de fato tem sido transformador, finaliza Vitória.
Visita de pesquisa com a equipe da Alemãnha
Em outubro de 2024, nossa pós doc, Pamella Liz, foi pesquisadora visitante na Alemanha, na Universidade de Giessen e em diversas outras universidades parceiras da equipe alemã, totalizando a fim de trocar impressões sobre sistemas de saúde e maneiras de fortalecer a saúde pública e a saúde comunitária.
21 de outubro
Colóquio na Universidade de Giessen a convite do Prof. Dr. Michael Knipper. Apresentação do projeto SMAPL-Brasil para o corpo docente da pós-graduação em história da medicina.
24 de outubro
Apresentação em Bochum a convite da Prof. Dra. Christiane Falge, no bairro de Hustadt, que é 90% composto por imigrantes. Lá é desenvolvido um dos braços do projeto SMAPL na Alemanha. A apresentação foi feita em uma igreja local, e as pesquisadoras comunitárias estavam presentes. Durante o encontro elas se identificaram e se sensibilizaram com as histórias das mulheres brasileiras durante a pandemia de COVID-19.

29 de outubro
Universidade de Münster à convite da Prof. Dra. Iris Dzudzek, palestra como convidada sobre a tese de doutorado da pesquisadora Pamella Liz.
13 de novembro
Participação no seminário estudantil Qualitative Methods in Global Health Research: Decoloniality in Practice em Fulda, na disciplina ministrada pela Prof. Dra. Franziska Satzinger. Aula sobre memória, reparação e colonização. Eram alunos de vários países, então foram compartilhadas muitas histórias sobre diferentes contextos coloniais. Os alunos era da Nigéria, Zambia, Nepal, Albânia, Vietnam, Polônia, Alemanha, Ethiópia, Ghana e Índia. Uma grande troca intercultural de saberes através da metodologia pedagógica “Fio da memória”, aprendida em atividade no Jardim Colombo com a psicóloga Edna, onde cada aluno com a ponta do barbante nas mãos contava uma memória nacional marcante do seu país, e uma reflexão ou sugestão de resolução. A universidade de Fulda possui uma política que visa ter 50% do corpo discente formado por imigrantes.


15 de novembro
Reunião do projeto SMAPL na prefeitura de Giessen com os pesquisadores comunitários. A reunião foi para que a equipe Alemã mostrasse seus resultados para a comunidade. A centralidade foi das mulheres imigrantes que foram pesquisadoras comunitárias no projeto em Giessen. Houve também consulta a médicos, jornalistas, políticos e professores sobre formas de continuar o projeto na Alemanha. https://www.giessener-allgemeine.de/giessen/forschung-mit-der-nordstadt-93419551.html
Futuro
As próximas etapas do projeto consistem na publicação de artigos e ampla divulgação dos resultados do trabalho realizado durante a pesquisa. O principal objetivo é comparar os casos entre as equipes e analisar profundamente a resposta comunitária à Covid-19 no Jardim Colombo.