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22 de abril, uma comemoração à Mandioca: a raiz que nos fez nação

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Não seria muito simbólico termos um dia para saudar a mandioca, raiz genuinamente brasileira?

Diversos povos indígenas da região do baixo Amazônia foram capazes de transformar a partir de técnicas de domesticação, uma raiz nativa, potencialmente venenosa, em alimento básico da sua dieta, que hoje também faz parte da alimentação de brasileiras e brasileiros em todo o território.

Há historiadores que afirmam que sem a mandioca o tempo de desbravamento e ocupação das terras brasileiras teria sido muito maior e mais difícil.

Imagem de Ale Nahra

 No livro “Mandioca o pão do Brasil”, o autor Pinto de Aguiar diz: 

“A cultura da mandioca fixou o indígena nas áreas geográficas de sua produção, e possibilitou a colonização do Brasil pela adaptação estrangeira a essa alimentação”. 

Como aponta, por exemplo, os estudos de Rodrigues (2017) os saberes e as tradições indígena sobre a mandioca, e em especial, a produção de sua farinha, foram fundamentais ao longo da história desta nação que hoje chamamos Brasil.

Em tempos mais recentes, alguns autores chegam a descrevê-la como mais brasileira que a camisa verde e amarela. No recente livro lançado “Manihot Utilissima Pohl”, o arqueólogo Eduardo Góes Neves escreve:

Imagem de Jennifer Tanaka

 

 

“É seguro afirmar que, mais que a desgastada camisa amarela, da seleção canarinho, a mandioca seja talvez a maior unanimidade nacional”.  

Falar de mandioca é também falar de Brasil. Podemos ir além, e dizer que falar de mandioca é falar sobre:

  • história indígena,
  • formação do mundo colonial,
  • história da alimentação,
  • religiosidade,
  • ancestralidade,
  • estudos agrários,
  • comércio em escalas local e mundial,
  • cultura,
  • biodiversidade,
  • sustentabilidade e tantas outras coisas.

 

Dada tamanha importância deste alimento nativo, não é à toa que existe um projeto de lei que quer instaurar o dia 22 de abril como o dia nacional da mandioca. A escolha por comemorar seu dia no mesmo dia que se celebra a chegada dos portugueses no território que hoje chamamos Brasil tem como objetivo ampliar sua visibilidade e mostrar ao país e ao mundo a sua importância.

Importância tal que em 1823 quando foi escrito o projeto da primeira Constituição do Brasil ela tenha ficado conhecida como a Constituição da Mandioca. Porque estabelecia que somente brasileiros com renda anual similar a 150 alqueires* de mandioca poderiam votar. 

*Alqueire: é uma medida agrária utilizada para sólidos, como capacidade de armazenamento de cereais, ou para superfícies, como para medir a extensão de uma fazenda.
Imagem de Melissa Tarrão
Imagem de Melissa Tarrão
Imagem de Evelym Landim
Imagem de Evelym Landim
  • Mandioca,
  • macaxeira,
  • aipim,
  • maniva,
  • uaipi,
  • castelinha

na vastidão de um país continental onde muitos desenhos socioculturais coexistem não é de se estranhar tantos nomes diferentes para uma mesma espécie!

Como ela é conhecida aí onde você mora?

Na busca por reencontrar e compreender o Brasil pela comida, desde de 2020 o Núcleo de Apoio às Atividades de Cultura e Extensão Sustentarea da USP tem um grupo dedicado aos estudos e ao desenvolvimento de atividades tendo a mandioca como ponto central.

Em 2022, tais atividades estão sob organização do grupo “Alimentação Brasileira”. Percebemos que assim como a mandioca existem outros alimentos que constituem a estrutura alimentar do país, e que por diversas vertentes se encontram e se relacionam com nossa história e modo de vida. Por hora continuaremos a estudar, pesquisar e compartilhar informações sobre a mandioca, o alimento genuinamente brasileiro. 

Confira aqui alguns materiais que já temos organizados sobre a mandioca:

 

 

Livro digital, Memórias da Mandioca


Uma coleção de memórias de integrantes do Sustentarea USP com a mandioca. 

Clique para fazer download do livreto.

Manifesto pelo Reencontro do Brasil com a Mandioca

 Venha conhecer o porquê escolhemos estudar a raiz rainha do Brasil

O texto na íntegra está disponível no material Memórias da Mandioca.

Roda de conversa

“Mulheres, Mandioca e Memórias”

Evento realizado em setembro de 2021, no lançamento do livro, com participação das coordenadoras do Sustentarea Aline Carvalho e Dirce Marchioni; e as convidadas Mariana Martins, Thaiza Pedroso, Eulalia Oliveira e Rita Taraborelli. 

Em 2022, serão diversas as atividades e materiais para quem, como nós, o olho brilha quando o assunto é mandioca! 

É com imensa alegria que compartilhamos com vocês, que um dos projetos que está para sair do forno é a: Biblioteca Mandioca.

Estamos organizando uma coletânea com obras que são referências quando se trata de falar sobre mandioca e seus derivados. A lista ficará disponível no site do Sustentarea para que pessoas que desejam pesquisar e estudar a mandioca tenham um ponto de partida para começar.

Agora, você deve estar se perguntando como pode ajudar nesse movimento, não é mesmo?

Se você conhece alguma dica de livro que tem a mandioca como tema central, compartilhe com a gente através das nossas redes sociais ou por meio deste link.

Ele vai te direcionar para o formulário de inscrição da nossa Newsletter, que será um dos nossos canais de comunicação.

Através da nossa newsletter, a “Cartinha da Rainha”, contaremos sobre nossas descobertas, pesquisas e vivências com a mandioca.

Esse texto foi escrito com muito carinho por:

Foto: Evelym Landim

 

Evelym Landim.

Culinarista que tem se dedicado a pesquisar sobre mandioca, suas múltiplas formas de beneficiamento para fins culinários e relação com a história do Brasil. Deseja que como brasileiros reencontremos a mandioca como base dos nossos hábitos alimentares. Membra do sustentarea desde 2021.

Evelym teve a colaboração das membras do Grupo Alimentação Brasileira:

Jennifer Tanaka e Alice Medeiros

e da membra do Grupo Mídias e Site: Ana Garbin

Referências

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