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Sustentarea na COP27

Ouça o texto aqui.

A COP é uma conferência anual que conta com a participação das principais lideranças mundiais e tem por objetivo fazer acordos para a proteção do meio ambiente entre os países signatários desde 1995.

 

Em 2019, diversas organizações da sociedade civil criaram o Brazil Climate Action Hub para dar visibilidade à ação climática brasileira durante a COP25, realizada em Madri, na Espanha.

Em 2022, a COP27 foi realizada no Egito e o Hub brasileiro preparou diversas discussões, sendo que uma delas foi o Painel “Ambições e Desafios para a Adaptação”, a qual o Sustentarea teve o prazer de participar no dia 11 de novembro.

A primeira mesa do Painel, composta por nomes como Diosmar Filho, Daniela Costa e André Rocha, trouxe à tona estudos e iniciativas que falam sobre desigualdades e mudanças climáticas em áreas urbanas na região da Amazônia Legal, sobre quem é a população mais exposta a eventos extremos no Brasil e sobre soluções que ajudem em ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. 

A segunda mesa, composta por Aline Martins de Carvalho, Letícia Tura, Izabela Borba e Janine Coutinho, nos apresentou o segundo painel:

Estratégias e Adaptação para a urgente transição dos Sistemas Alimentares.

A primeira apresentação, feita por nossa coordenadora Aline, mostrou os resultados da nota técnica realizada por membros do projeto e com o apoio do WWF-Brasil. Como mencionado por ela, nós sabemos que a natureza é essencial para a preservação da vida humana e para garantir a qualidade de vida. Hoje nos encontramos, entretanto, com um desafio global em relação à crise climática, a fome e a obesidade. 

 

O Brasil, sendo o maior exportador de soja, o terceiro maior exportador de milho e o maior possuidor de rebanho bovino, gasta uma quantidade imensurável de recursos naturais. 

Ainda, as produções de soja e de milho são de extrema importância para o mercado internacional: em 2021, 64% da soja produzida foi exportada. 

Tal produção, voltada para a exportação, acaba afetando a vida da população brasileira, uma vez que o preço dos subprodutos da soja, por exemplo, vem subindo cada vez mais. 

Juntamente com isso, pode-se perceber a desigualdade que existe na forma de produzir os alimentos: enquanto 1% dos maiores estabelecimentos rurais ocupam quase 50% da área, 50% dos menores estabelecimentos ocupam apenas 2% da terra. 

Além disso, dados mostram que, apesar do fato de 77% dos produtores serem de agricultura familiar, estes ocupam apenas 23% da área. 

Sendo assim, de acordo com Aline, quando falamos de sistemas alimentares, “não estamos falando apenas da cadeia de produção de alimentos, mas sim de todos os atores e conexões que existem entre as pessoas e as instituições”. 

Essa crise sistêmica nos mostra que temos um problema tanto no consumo quanto na produção de alimentos.

Em dezembro do ano passado, 60% dos domicílios estavam em insegurança alimentar, sendo que na zona rural, esse número se apresentou ainda maior. 

Foi a partir disso tudo que, buscando uma resposta sistêmica que procurasse melhorar o modelo de produção e de consumo, Aline trouxe o estudo feito em parceria com o WWF. 

Nele, foi atualizado o índice multidimensional dos sistemas alimentares sustentáveis, no qual 46 indicadores de dados disponíveis do Brasil classificou os estados brasileiros no que foi chamado de “4 Brasis”. 

Com um foco maior na região do Centro-Oeste, porém, foi possível perceber a relação inversa que existe entre a dimensão econômica e a ambiental: os municípios com maior participação da agropecuária emitem cerca de 70 vezes mais gases do efeito estufa para o meio ambiente (independentemente do tamanho do município). 

Além disso, foi possível observar uma desigualdade na distribuição de renda, já que os municípios que produzem mais recursos financeiros parecem não reverter esses recursos para o salário dos trabalhadores formais da agropecuária. 

A apresentação de Aline nos mostrou, portanto, que ainda temos várias lacunas que devem ser preenchidas para que os sistemas alimentares possam melhorar, tais como:

  • a alta concentração de terra,
  • o baixo incentivo à agricultura familiar,
  • o elevado impacto ambiental,
  • a produção direcionada à commodities que não distribui igualmente seus lucros etc.

É necessário, portanto, enfrentar os desafios de maneira eficaz e integrada para que possamos promover a segurança alimentar para todos. 

Quer assistir o painel na íntegra? Acesse:

 

 

Esse texto foi feito por mim, Mariana Ting, estagiária do Sustentarea e estudante do 3º ano do curso de Nutrição da FSP-USP. 

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