Sobre

O caso peruano do Projeto SMAPL está localizado na Amazônia nordeste deste país, especificamente na Província de Bagua (Região Amazonas). Esta área faz parte do território ancestral do povo indígena Awajún, protagonista deste caso, que é um dos 55 povos indígenas oficialmente reconhecidos no Peru, sendo o segundo maior em população.

Os Awajún têm sido historicamente reconhecidos por seu caráter guerreiro e forte capacidade organizativa. Nesse sentido, a pandemia foi um evento crítico que trouxe à tona essas características. Através do Projeto SMAPL, foi possível conhecer algumas das múltiplas experiências e estratégias de enfrentamento desenvolvidas diante dessa crise de saúde. Para tanto, foi realizado trabalho de campo entre 2022 e 2023, no qual foram entrevistados membros de três comunidades Awajún (Shushug, Wachapea e Nazareth), atores-chave do sistema de saúde e representantes de organizações locais. O trabalho de campo envolveu a permanência de várias semanas na área, permitindo não só a realização das entrevistas, mas também o acompanhamento de várias atividades e o fortalecimento de laços com várias pessoas.

Entre os resultados obtidos, destaca-se a versatilidade organizacional, que envolveu o aproveitamento dos diversos recursos e conhecimentos da sua população. Nessa questão, destaca-se o uso criativo de plantas medicinais e da biomedicina, bem como a participação dos técnicos de saúde indígenas. Além disso, foi possível conhecer os pontos de vista e as experiências do pessoal de saúde durante esse período difícil.

Desde o início, buscou-se incluir a perspectiva e os interesses dos diferentes grupos envolvidos, especialmente dos Awajún. Isso foi feito com base em um trabalho de campo inicial, no qual os objetivos do Projeto SMAPL foram apresentados, permitindo obter sugestões que foram centrais para definir o design e a metodologia do nosso trabalho. Além disso, os resultados preliminares foram apresentados em diversas reuniões, com o objetivo de recolher as impressões de nossos interlocutores, que serão incluídas no relatório final. Espera-se socializar os resultados com as autoridades do sistema de saúde para tornar visível a importância e o potencial da organização comunitária no enfrentamento de epidemias e crises. Outros formatos de registro dessas experiências também serão desenvolvidos, para facilitar o acesso a mais pessoas das comunidades envolvidas e promover a aplicação local dos resultados.

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