Docente: Maria Anice Mureb Sallum
Técnico: Denise Cristina Sant´Ana
Auxiliar técnico: Caio Cesar Moreira
Breve histórico da Coleção Entomológica de Referência:
A Faculdade de Saúde Pública teve sua origem no “Laboratório de Hygiene” da Faculdade de Medicina de São Paulo, em 1918. Ao longo de sua existência, a instituição foi denominada Instituto de Hygiene, Institudo de Hygiene e Saúde Pública e, finalmente, já incorporada à Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública.
As atividades desenvolvidas pela instituição, em mais de 100 anos de existência, estavam intimamente associadas à saúde pública brasileira, sendo palco e partícipe de acontecimentos que marcaram a história da saúde pública. Vale assinalar, por exemplo, a participação intensa de pesquisadores da instituição no programa de controle da malária que assolou os estados do Ceará e do Rio Grande do Norte na década de 1930. Naquela época houve a introdução de espécie exóticas de mosquitos, a Anopheles arabiensis, principal vetor de malária em todo o mundo. A espécie chegou ao Nordeste com o comércio estabelecido entre o Brasil, a Europa e a África, causando uma epidemia de malária, com 140 mil casos naqueles dois estados.
A identificação e a incriminação do mosquito vetor da malária foram possíveis graças às colaborações estabelecidas entre pesquisadores do então Instituto de Hygiene e da Fundação Rockfeller. Em colaboração, os técnicos das duas instituições desenharam o programa de controle do vetor, o que possibilitou a eliminação da espécie exógena e a interrupção da malária nos dois estados.
Durante a década da campanha de controle da malária no Nordeste brasileiro, foi fundado o Laboratório de Entomologia vinculado à Seção de Higiene Rural e Parasitologia. Paralelamente, em 16 de julho de 1937, o professor Paulo Cesar de Azevedo Antunes deu início à Coleção Entomológica de Referência (CER) da FSP-USP para insetos de interesse de Saúde Pública, sob a influência dos entomólogos americanos Nelson Davis e Raymond Shannon. Esses dois pesquisadores trabalhavam para a Fundação Rockfeller no Brasil, em campanhas de controle da malária, febre amarela e outras endemias veiculadas por artrópodes hematófagos que dizimavam a população brasileira, em especial, a do Estado de São Paulo, então formada por imigrantes que aqui vinham para o cultivo de café.
Como consequência das colaborações estabelecidas, foram feitas revisões e estudos taxonômicos de diversos grupos de insetos de interesse médico que deram visibilidade internacional aos entomólogos brasileiros. Dessa maneira, a CER-FSP-USP passou a atrair pesquisadores de diversos países para a formação em entomologia médica, em incontáveis cursos que foram ministrados na FSP-USP. Além dos nomes mencionados anteriormente, vale assinalar a participação e colaboração intensa dos entomólogos, Augusto L. Ayroza Galvão, Renato R. Correia, José de O. Coutinho e Nelson L. Cerqueira, na construção e estabelecimento da CER da FSP-USP.
Segundo Forattini (1987), pode-se assinalar a participação ativa dos pesquisadores do Laboratório de Entomologia em campanhas nacionais de controle de endemias, a saber: nas décadas dos anos 30 e 40, as de combate à febre amarela e a de erradicação de anofelino africano no Nordeste do Brasil. Nos anos 50 e 60 tomaram parte preponderante no desenvolvimento de recursos humanos destinados à campanha de erradicação da malária; e nos anos 70 colaboraram eficientemente com o serviço estadual no controle e eliminação da transmissão por triatomíneos da tripanossomíase no Estado de São Paulo.
O pioneirismo da CER continua marcante em vários estudos básicos sobre aspectos epidemiológicos de doenças transmitidas por insetos hematófagos, bem como no reconhecimento e identificação faunística de vetores, incluindo do tigre asiático Aedes albopictus, que foi registrado pela primeira vez no Brasil em 1986, sem a necessidade de se recorrer a taxonomistas estrangeiros. Isso foi possível graças à presença de espécimes do Aedes albopictus no acervo da CER da FSP-USP, obtidos através de intercâmbios realizados em 1960. Vale acrescentar que diversos estudos taxonômicos, nacionais e internacionais de elevado nível científico, foram possíveis graças à utilização do acervo da Coleção Entomológica de Referência da FSP-USP.
Auxílios para a preservação do acervo:
O acervo da Coleção Entomológica é preservado e conservado com recursos financeiros de projetos de pesquisa financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e CNPq. Paralelamente, ela conta com o apoio financeiro da Universidade de São Paulo, que fornece um técnico de laboratório e um docente curador, além de outros pesquisadores envolvidos em estudos de taxonomia e ecologia de insetos vetores que também acrescentam espécimes ao acervo.
Mais informações e breve histórico sobre a criação do acervo.
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