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Como descartar máscara de proteção individual de forma segura

O advento da pandemia pelo novo coronavírus trouxe profundas alterações no cotidiano de toda a sociedade, com reflexos no comportamento social. Mudança de hábito significativa foi a introdução do uso de máscaras de proteção facial, obrigatórias no trato de pacientes infectados, mas também como uma das medidas preventivas no convívio social em tempos de pandemia. Desde o início de 2020, milhões de pessoas em todo o mundo passaram a utilizar máscaras e luvas descartáveis, cujo descarte como resíduo carece de atenção no aspecto sanitário. 

Estudos têm revelado que o novo coronavírus pode permanecer viável em superfícies por horas ou mesmo dias e que sua transmissão pode ocorrer pela exposição a materiais potencialmente contaminados. Logo, máscaras de proteção individual requerem cuidados especiais no uso, manuseio e descarte. Mas qual é a melhor maneira de descartar as máscaras pós-uso? O que fazer caso fique úmida e perca seu poder filtrante? E se acidentalmente cair no chão? E aquelas utilizadas por pacientes que estão sendo tratados em domicílio e pelos seus cuidadores?

Grande parte da população tem optado pelo uso de máscara de material lavável e reutilizável, pela maior disponibilidade no mercado e por ser economicamente mais acessível. Porém, mesmo essas possuem um tempo relativamente curto de vida útil e, em algum momento, necessitarão ser descartadas. E as máscaras cirúrgicas, confeccionadas em Tecido Não Tecido (TNT)? Poderiam ser enviadas para reciclagem? Deveriam ser descartadas como resíduo comum? Ou deveriam, por segurança, receber o tratamento dispensado aos resíduos de serviços de saúde?

Pesquisa aplicada em maio de 2020, e que contou com 2.154 participantes, identificou que 68,8% dos respondentes utilizam máscaras reutilizáveis e as higienizam após cada utilização (lavando-as ou borrifando água sanitária diluída). De 26,8% que utilizam máscaras descartáveis, 21,0% as descartam como resíduo comum e 5,8% colocam o material em saco duplo como medida de segurança, antes de descartá-las como resíduo comum.

Notícias internacionais mostram que máscaras têm sido encontradas em praias, rios e no fundo mar, mostrando que o descarte adequado tem sido negligenciado, não somente no Brasil.

Nesse momento de retorno gradativo às atividades cotidianas, torna-se fundamental que todos se sensibilizem com esta questão e promovam atitude responsável para preservar a saúde da comunidade, dos trabalhadores envolvidos na coleta dos resíduos e do ambiente.

Cuidado especial deve ser tomado para que esses materiais potencialmente contaminados nunca sejam encaminhadas junto com os recicláveis, evitando riscos de transmissão do vírus aos catadores, tanto os que trabalham na informalidade como aqueles organizados em cooperativas. Por outro lado, a instalação de múltiplos pontos de coleta específicos por toda a cidade não é viável nesse momento, assim como não é seguro que sejam armazenados em casa e levados pessoalmente para descarte em serviços de saúde, no qual existe um fluxo específico de gerenciamento desses resíduos.

Alternativa aceitável do ponto de vista da saúde pública é o descarte conjunto com os papéis sanitários, em lixeiras forradas com saco plástico e, de preferência, com tampa acionada por pedal. O descarte junto com o lixo sanitário já pressupõe a dupla embalagem, pois os sacos plásticos de banheiros, durante o procedimento de coleta, são acondicionados em sacos maiores para descarte, o que confere maior proteção na cadeia de gerenciamento (manuseio, coleta, transporte e destinação). Isso representa o duplo ensacamento, medida preventiva preconizada para minimizar o risco de contaminação. O descarte nesse ambiente evita que máscaras e luvas venham a ser desviadas para possível reutilização, sejam direcionadas para coleta seletiva de recicláveis, ou ainda dispostas indesejavelmente na natureza com exposição humana, animal e degradação do ambiente.

O destino desses resíduos continua sendo os resíduos comuns – a coleta regular municipal que encaminha os resíduos sólidos urbanos para aterros sanitários -, mas com dupla embalagem estarão mais protegidos e a cadeia de trabalhadores da coleta e destinação menos exposta a riscos. No momento, não há condições de descartar todas as máscaras como resíduo infectante e manter um fluxo específico de coleta para infectantes, sem modificar as práticas já implementadas e sem custos operacionais e de logística adicionais. Enfatiza-se que os funcionários da limpeza, coleta, transporte e destinação devem utilizar equipamentos de proteção individual apropriados, sempre que manipularem resíduos.

Outra razão para que máscaras sejam descartadas em banheiros é a facilidade de higienização das mãos, antes e após a troca de máscaras, o que contribui para menor risco de autocontaminação.

                                                                   

Assuma e divulgue essa atitude simples e responsável.

Sua contribuição é importante no combate à pandemia!

 

Fonte: LAB GAIS – Laboratório de Gestão Ambiental, Inovação e Sustentabilidade da Faculdade de Saúde Pública da USP, coordenado pela professora Wanda Maria Risso Günther.