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Doutoranda da FSP-USP discute luto, humor e melancolia na pandemia de Covid-19 no Brasil

Foto: arquivo pessoal.

Monique Oliveira,  jornalista e doutoranda da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP), reflete no artigo “Entre a melancolia e o humor: o país que ri e não chora seus mortos,  como a sociedade brasileira está (ou não) vivenciando o luto causado por quase 200 mil mortos vitimados pela pandemia de Covid-19 , no Brasil”, O artigo foi publicado no site “Nexo Ensaio”, no último dia dois de janeiro.

Vivendo a difícil tarefa de escrever uma tese de doutorado durante uma pandemia global, Monique escreveu o ensaio por se perguntar se o país, de fato, estava vivenciando o luto dos seus mortos. Utilizando-se da psicanálise e das ciências sociais, ela avalia que há um riso precoce que serve de ”rota de fuga” ao necessário processo de enlutamento.

Para a pesquisadora, “o luto gerado pela pandemia sequer é uma categoria processada coletivamente, pois vivemos uma forma particular de melancolia à brasileira, mediada pelo humor “. Segundo ela, o processo de luto é necessário para que recuperemos a capacidade de desejar e a luta política.

Monique Oliveira é jornalista e doutoranda da Faculdade de Saúde Pública da USP. Sua pesquisa é parte de sua experiência de mais de 10 anos no jornalismo científico, com quatro prêmios na área. Ela passou pela Folha de S.Paulo, Revista ISTOÉ e G1. Também é mestra em divulgação científica pela Universidade Estadual de Campinas.
Ela pesquisa participação social na ciência e o papel das instituições em meio a controvérsias e incertezas científicas. Atualmente, está desenvolvendo seu doutorado “Zika vírus no Brasil: causalidades e controvérsias de uma síndrome”, sob orientação do Prof. Marcos Akerman, pelo Departamento de Política, Gestão e Saúde da FSP-USP.

Enquanto o artigo sobre luto na pandemia de Covid-19 tem uma narrativa mais livre, sua pesquisa de doutorado mobiliza o cenário de incertezas na construção da relação de causalidade entre o Zika e a síndrome congênita causada pelo vírus. Na época, chamada genericamente de “microcefalia”.   A análise avalia o papel das instituições e dos cientistas, bem como as dificuldades e ganhos de se fazer ciência no Brasil.  O campo envolveu 50 entrevistas em oito cidades do Brasil.

Além da pesquisa sobre o Zika vírus, a doutoranda também pesquisou com outros alunos da FSP e sob a coordenação de Marco Akerman, a pandemia de Sars-CoV-2.  “São pesquisas que mostram como as crises de saúde pública incidem localmente,  mostrando os problemas, mas também as potências que são geradas”, afirma.

Com o ensaio, a pesquisadora reflete que tem amadurecido sua pesquisa para as várias camadas que formam as epidemias e pandemias.   “Além de entender aspectos sociais e materiais dessas crises, a circulação dos afetos e como eles mediam os acontecimentos tem sido o meu desafio e o ensaio foi um começo disso”, diz.

Mais informações e entrevistas para a imprensa, com Monique pelo e-mail: monique.oliveira@usp.br.

Fonte: Site Nexo Jornal.