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A Revista de Saúde Pública da FSP se junta a mais de 200 publicações científicas e divulga editorial sobre mudanças climáticas

Imagem: Pixabay.

No Brasil, texto que alerta para a urgência do aquecimento global é divulgado pela Revista de Saúde Pública

Por: Murilo Bomfim

Mais de 200 revistas científicas da área da saúde se unem para publicar um editorial que pede ações urgentes para manter o aumento médio da temperatura global abaixo de 1,5°C, parar a destruição da natureza e proteger a saúde. A iniciativa inclui periódicos de todos os continentes — no Brasil, o texto é publicado pela Revista de Saúde Pública, (RSP) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo. Leia as versões em português e em inglês.

O movimento ocorre semanas após a publicação do mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que alertou para a intensificação da velocidade das mudanças climáticas (algumas delas irreversíveis) resultantes da ação humana. Na esteira do relatório, países devem discutir o tema ainda este mês, na Assembleia Geral da ONU, e, mais futuramente, na Cúpula da Biodiversidade (China) e na COP26, conferência sobre o clima que ocorre em Glasgow, no Reino Unido.

“Reduzir emissões de gases do efeito estufa, restaurar a agrobiodiversidade e preservar a natureza: precisamos mudar os padrões alimentares globais para incluir mais alimentos in natura e minimamente processados, diversos e de origem local”, diz Carlos Monteiro, um dos cientistas que assina o editorial.

Metas não bastam: é preciso redesenhar sistemas

Os pesquisadores apontam que a definição de metas globais para zerar emissões é insuficiente, sendo necessário desenvolver planos confiáveis de curto e longo prazo para transformar sociedades. “Há uma crescente preocupação de que o aumento da temperatura acima de 1,5°C está começando a ser visto como inevitável, ou mesmo aceitável, por membros poderosos da comunidade global”, escrevem os cientistas.

Eles sugerem que os governos façam mudanças estruturais na forma como as sociedades e economias estão organizadas. Neste sentido, a conhecida estratégia de incentivar os mercados a trocar tecnologias sujas por outras mais limpas já não funciona: é preciso redesenhar sistemas de transporte, cidades, produção e distribuição de alimentos, mercados para aplicações financeiras e sistemas de saúde, entre outras soluções. “A coordenação global é necessária para garantir que a corrida por tecnologias mais limpas não venha ao custo de mais destruição ambiental e exploração humana.”

Nações ricas

Os autores do editorial destacam que as soluções para frear as mudanças climáticas devem ser feitas de maneira equitativa. Dessa forma, países que criaram desproporcionalmente a crise ambiental devem agir de forma a apoiar nações de baixa e média renda na construção de sociedades mais limpas, saudáveis e resilientes.

Entre as soluções propostas pelos cientistas, estão o financiamento por meio de subvenções (e não empréstimos), o perdão de grandes dívidas e a ação de fundos adicionais para compensar perdas e danos relacionados à crise ambiental.

Leia a íntegra do editorial nas versões em português e inglês.

Fonte: Revista de Saúde Pública (RSP) da FSP-USP.