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Estudo MINA identifica relação entre insegurança alimentar e contaminação por COVID-19

Uma nova pesquisa realizada pelo Estudo MINA – Saúde e Nutrição Materno-INfantil no Acre: coorte de nascimentos da Amazônia ocidental brasileira, da Faculdade de Saúde Pública da USP, apontou que a insegurança alimentar e a fome aumentam em 76% o risco de crianças contrairem COVID-19. A recente descoberta, mais uma contribuição do Estudo em epidemiologia sobre saúde e nutrição, foi publicada no dia 18 de julho e saiu em diversas mídias. Além da relação entre insegurança alimentar e contaminação do vírus, o estudo também apontou elevada subnotificação de casos na região, que prejudicou o diagnóstico e o tratamento da doença no momento necessário. 

Leia a matéria completa feita pela FAPESP: Na Amazônia, fome aumentou em 76% risco de crianças terem COVID-19.

Conheça o projeto

Com financiamentos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e, mais recentemente, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP),  uma coorte (estudo de grupo populacional acompanhado ao longo do tempo) de 1.000 crianças e suas mães, residentes do município de Cruzeiro do Sul (Acre), vem sendo acompanhada desde 2015 por pesquisadores de diversas instituições, sob a liderança da Profa. Marly Augusto, do Departamento de Nutrição da FSP-USP. Os inúmeros estudos e trabalhos de mestrado e doutorado produzidos até o presente traduzem, nesta amostra, um pouco da realidade brasileira existente em comunidades longínquas e pobres.

Inúmeros dados consolidados do MINA integram o mais recente relatório publicado pela Harvard, intitulado “10 years of the harvard-brazil initiative on early childhood development (2011-2021)”.

O Estudo MINA-Brasil vem contando com a participação de agentes comunitários e profissionais de saúde capacitados e supervisionados localmente pela equipe de pesquisa. Os resultados incluem ainda webinars, seminários virtuais, oficinas de capacitação para promoção da alimentação complementar saudável, trabalhos de iniciação científica, além da formação acadêmica de recursos humanos qualificados e treinamento em pesquisa, incluindo programas de pós-graduação na USP e UNIFESP, com diversas publicações científicas derivadas.

O delineamento do estudo é do tipo prospectivo, de base populacional, em que desfechos de saúde materno-infantil são investigados em relação a exposições medidas desde a gestação, tais como anemia e deficiência de micronutrientes, ocorrência de malária e outras infecções, ganho de peso e distúrbios metabólicos, estilo de vida na gestação, e sua relação com fatores socioeconômicos, ambientais e de comportamento alimentar.  O projeto integra um programa de pesquisas epidemiológicas sobre saúde e nutrição no Acre, em colaboração da USP com a Universidade Federal do Acre (UFAC) e a Harvard T. H. Chan School of Public Health (HSPH).

Com auxílio do Programa Ciência Sem Fronteiras, o Estudo MINA foi inicialmente contemplado com uma Bolsa Pesquisador Visitante Especial (PVE) para a Profa. Dra. Márcia Caldas de Castro da HSPH. Em 2017, o projeto de implementação da coorte de nascimentos MINA foi contemplado com auxílio Projeto Temático da Fapesp (2016/00270-6), prevendo-se o acompanhamento de cerca de 1000 crianças até os 2 anos de vida.

Em 2021, recursos adicionais da Fapesp foram obtidos para acompanhamento aos 5 anos de idade visando avaliar trajetórias de crescimento, desenvolvimento infantil e saúde mental materna, além da continuidade de avaliação de indicadores nutricionais e de saúde infantil para nova fase de análises longitudinais.

No contexto da pandemia da COVID-19, a coorte MINA-Brasil é um dos poucos estudos longitudinais com dados de acompanhamento presencial nesse período.