A  |  A+ |  A-
FSP-USP sediará INCT Combate à Fome, com proposta envolvendo rede de pesquisadores multidisciplinares

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgou o resultado final da chamada 58/2022, que cria 58 novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia. A aprovação dos novos INCTs promove a ampliação de temas e áreas estratégicas para o País, como segurança alimentar, agricultura de baixo carbono, saúde única (one health), desigualdades e violência de gênero, inteligência artificial, nanofármacos, entre outras. No total, serão investidos cerca de R$ 324 milhões em propostas de pesquisa de excelência em áreas estratégicas e/ou na fronteira do conhecimento, visando a solução dos grandes desafios nacionais.

A Faculdade de Saúde Pública passará a coordenar o INCT Combate à Fome, com a proposta intitulada “Combate à Fome: estratégias e políticas públicas para a realização do direito humano à alimentação adequada – Abordagem transdisciplinar de sistemas alimentares com apoio de Inteligência Artificial”. 

Além da USP, o INCT Combate à Fome contará com pesquisadores da UNICAMP, UFSCar, UNIFESP, UFSJ, UFRGS, UFF, UFG, UFAC e FACAMP, UFBA, UFS, e EMBRAPA, o que mostra uma ampla rede nacional. 

Segundo a coordenadora Profa. Dirce Maria Lobo Marchioni, do Departamento de Nutrição da FSP-USP, serão pelo menos 38 pesquisadores de áreas diversas, além de bolsistas de nível superior. Pela USP, participam, além da FSP-USP, docentes da ESALQ, FMUSP, POLI/IEA, FFLCH, FZEA, ICMC, ECA, FEA e EESC. Também participam Universidades estrangeiras, como a University of Saint Joseph- USJ (Macao–China), a University of Toronto (Canadá), Newcastle University (Inglaterra), Universidade de Lisboa e Universidade do Porto (Portugal).

 

Estudos terão eixos interdisciplinares

Na proposta sobre a fome serão desenvolvidos estudos a partir de cinco eixos: Saúde e Nutrição; Políticas Públicas, Cadeia de Valor; Inteligência Artificial e Comunicação. Os objetivos serão: conduzir estudos investigando a Insegurança Alimentar e os desafios e estratégias para atendimento do direito humano à alimentação adequada; identificar os determinantes da produção sustentável de alimentos, a redução dos gargalos ao abastecimento e distribuição de alimentos de qualidade e saudáveis e diminuição das perdas e desperdício de alimentos; investigar os determinantes sociais vinculados aos resultados de políticas públicas de alimentação e nutrição; pesquisar, desenvolver e aplicar ferramentas e técnicas computacionais para coleta, fusão, processamento, armazenamento, análise, extração do conhecimento e disseminação de dados e informações sobre fome e Insegurança Alimentar em ambientes urbanos. 

Como inovação, serão construídas ferramentas de análise e visualização modernas, que apoiem o tomador de decisão usando inteligência artificial. Outra inovação é a constituição da Comunicação como um eixo de investigação para a difusão e a divulgação científica, possibilitando a democratização do conhecimento para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e a diminuição das desigualdades.

Conforme exige o CNPq, um INCT possui como coordenação uma instituição sede com excelência em produção científica e/ou tecnológica, alta qualificação na formação de recursos humanos e com capacidade de alavancar recursos de outras fontes, e por um conjunto de laboratórios ou grupos associados de outras instituições, articulados na forma de redes científico-tecnológicas, com uma área ou tema de atuação bem definidos, que estejam na fronteira da ciência e/ou da tecnologia ou em áreas estratégicas do Plano de Ação em Ciência, Tecnologia & Informação – CT&I.  

 

Fome é multicausal

Segundo a professora Dirce, a fome é um problema complexo que não é natural nem aceitável, com caráter estrutural e multicausal, natureza política e econômica, e impactos sobre a vida social como um todo, afirma.

“A alimentação adequada é um direito humano, e sua garantia está alinhada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. Porém, há um aumento global da fome e desnutrição, agravadas pela situação pandêmica”, afirma. 

Sensível a este tema, a USP iniciou um debate público com o seminário Políticas públicas para o combate à fome, realizado em 2021 e organizado pela Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária. 

Como desdobramento, a Reitoria da USP formou o GT Políticas Públicas de Combate à Fome e à Insegurança Alimentar, como uma forma de ajudar a atacar o problema. Assim, formou-se um grupo com expertises diferenciadas, que foi conduzindo trabalhos ao longo de 2021 e 2022. Os trabalhos do grupo têm sido publicados em uma série de reportagens recentes do Jornal da USP, segundo a professora.

“Quando o CNPq lançou a chamada para novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, viu-se uma oportunidade para esse grupo não só continuar, mas para ter uma atuação mais forte e abrangente, afirma Dirce. 

Veja aqui o resultado final da Chamada INCT – CNPq nº 58/2022