A carreira de sanitaristas egressos de cursos de graduação em saúde pública e saúde coletiva vem se consolidando aos poucos e o ano de 2024 marca mais um passo nessa direção. O Programa de Residência Multiprofissional em Epidemiologia Hospitalar do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) acaba de formar sua primeira turma. Um egresso do Bacharelado em Saúde Pública pela FSP-USP, Lucas Lima, está entre os formandos.
A inclusão de vagas para egressos de Saúde Pública/Saúde Coletiva se deu em um momento em que a Comissão de Coordenação de Cursos (CoC) da FSP-USP estava empreendendo esforços para ampliar a inserção dos egressos da Faculdade, de acordo com a professora Zilda Pereira da Silva, do Departamento de Epidemiologia da FSP-USP. Ela foi uma das articuladoras para a inclusão da vaga de sanitarista no Programa de Residência Multiprofissional do Emílio Ribas.
Lucas se inscreveu no edital aberto em 2021 e fala da importância do caráter multiprofissional do programa, possibilitando um contato com diversas profissões da área da saúde:
“Por conta da pandemia, eu senti falta de ter a experiência prática nos serviços de saúde durante a graduação. E foi muito interessante ter essa prática, durante os dois anos em que fiz parte do programa.”‘
Lucas Lima, egresso da FSP-USP e pertencente à turma que ingressou em 2018
A Residência é uma modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu, com foco em atividades práticas. Tradicionalmente, foi criada para treinar médicos em sua área de especialização, pelo Decreto nº 80.281, de 5 de setembro de 1977.
Já a Residência Multiprofissional em Saúde foi criada em 2005, pela Lei n° 11.129, tendo por objetivo a formação multiprofissional, favorecendo e direcionando a inter-relação e a integração entre as disciplinas e entre os profissionais das diversas áreas da saúde.
A professora Zilda conta que a avaliação do programa pelos egressos da Saúde pública/Coletiva tem sido muito positiva. A docente, junto ao colega Francisco Chiaravalloti Neto, atual chefe do Departamento de Epidemiologia, atuaram ativamente para conseguir a vaga de sanitarista no programa do Emílio Ribas. “A inserção foi possível graças à acolhida da Dra. Ana Freitas Ribeiro, médica sanitarista do Emílio Ribas, coordenadora e uma das criadoras do programa”, conta a professora.
“O Instituto Emílio Ribas é um parceiro de longa data do nosso curso de Saúde Pública. Nós realizamos algumas atividades lá, como por exemplo, visitas técnicas nas disciplinas de atividades integradoras, na qual os alunos podem conhecer como é feita a vigilância de determinados agravos e como é a produção de informações em saúde”, afirma a profa. Zilda.
Professora Zilda Pereira da Silva, do Departamento de Epidemiologia da FSP-USP
A professora destaca que, com a regulamentação da profissão de sanitarista aprovada em 2023, a tendência é que as oportunidades se ampliem.
Os Programas de Residência do IIER são reconhecidos e credenciados pelos Ministérios da Saúde e da Educação. Sua carga horária total é de 5.760 horas cumpridas durante dois anos, incluindo atividades teóricas, teórico-práticas e práticas.
Além de egressos da Saúde Pública/Saúde Coletiva, também são oferecidas vagas para egressos dos cursos de Enfermagem e Biomedicina.
A médica Ana Freitas, coordenadora do Programa, afirma que é muito importante que os profissionais desses três cursos tragam as experiências de suas respectivas áreas de formação para discutir casos práticos de vigilância.
“Nós investigamos os pacientes atendidos no hospital e, caso necessário, notificamos os órgãos da Prefeitura responsáveis pela vigilância em saúde e, paralelamente, realizamos seminários e projetos de pesquisa desenvolvidos no própria hospital, o que pode auxiliar inclusive nos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) dos Residentes”, afirma Ana Freitas.
As atividades práticas do Programa de Residência são realizadas com a Unidade de Vigilância em Saúde (UVIS) Lapa/Pinheiros e com o Centro de Vigilância Estratégica em Vigilância em Saúde (COVISA), organizações subordinadas à Prefeitura Municipal que realizam o monitoramento epidemiológico em São Paulo, além de órgãos estaduais, como o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), da Secretaria de Estado da Saúde.
Dra. Ana Freitas Ribeiro, médica sanitarista, coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional do IIER
No segundo ano de Residência, os profissionais desenvolvem atividades externas em outros núcleos hospitalares de epidemiologia, como a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o Hospital Universitário da USP e o Hospital das Clínicas da FMUSP e UNIFESP.
Junto à médica Ana Freitas, atua a enfermeira Roberta Cavalin Figueiredo, suplente da coordenação do Programa. Além do Programa de Residência Multiprofissional em Epidemiologia, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas oferece o Programa de Residência Multiprofissional em Nutrição e atualmente iniciou um programa de Residência Multiprofissional em outras áreas da saúde.
Confira como foi o edital aberto para o ano de 2024.