Saúde, Ciclos de vida e Sociedade

Essa linha de pesquisa tem por objeto a compreensão de processos biopsicossociais associados à saúde coletiva, dando especial relevância à categoria tempo, em interseção com gênero, sexualidade, violência, condições socioeconômicas, espaço, racismo e etnicidade, em relação com contextos específicos. Por meio de uma abordagem multidisciplinar que tem na sua base as ciências da saúde, a biologia e as ciências sociais e humanas, o objetivo desta linha é produzir conhecimentos relacionados à transformação e ao desenvolvimento social, à saúde em perspectiva integral de redes, grupos populacionais e indivíduos em diferentes condições sociais e fases da vida. Destaca-se nessa proposta o conceito de hibridação para dar conta dos processos de saúde-doença e morte como fenômenos que excedem as fronteiras disciplinares, exigindo modos de apreensão analítica e compreensão teórica que considerem a superposição de diferentes fatores na experiência humana e na determinação dos ciclos de vida.

Sublinhas:

Sublinha 1. Curso de vida, geração e organização temporal da sociedade

Focaliza a saúde sob diferentes perspectivas constitutivas do campo da Saúde Pública. Como recortes temáticos, inclui os determinantes e os fatores de risco para o crescimento e o desenvolvimento, da concepção ao início da vida adulta, bem como a reflexão sobre o campo da Saúde Pública e os Direitos Humanos, a morbimortalidade e as condições sociais relacionadas a tais grupos etários. Essa sublinha inclui a dimensão temporal como um fator determinante da saúde. A organização da sociedade é determinada por interesses econômicos e/ou políticos, os quais influenciam horários de trabalho, escolares e outras atividades sociais. Horários escolares inadequados à saúde, trabalho noturno, iluminação constante em hospitais são exemplos comuns da ausência de uma discussão adequada sobre uma determinada organização temporal da sociedade que se impõe como se fosse natural ao cotidiano das pessoas. Além disso, as temporalidades organizam o curso da vida dos indivíduos. Nesse sentido, é também interesse desta sublinha as investigações que se dediquem ao entrelaçamento entre demarcação sócio-espacial, trajetórias biográficas, temporalidades dos eventos e transições no curso da vida. Nesta sublinha busca-se promover a saúde a partir de um olhar para além da dimensão física, de modo a construir elementos para programas de intervenção para a promoção da saúde.

Sublinha 2. Saúde da mulher, gênero, sexualidade e reprodução

Aborda problemas relacionados à saúde da mulher, sob diferentes perspectivas. Quanto aos recortes temáticos, destacam-se os estudos sobre mortalidade e morbidade feminina, mortalidade materna, risco gravídico e saúde perinatal, gravidez em adolescentes e jovens, assim como aspectos clínico-epidemiológicos das Doenças Crônico Degenerativas, as condições psicológicas, além de intervenções e terapêuticas da mulher no climatério. Também analisa as práticas e políticas de saúde da mulher, incluindo a saúde materna, a partir de uma perspectiva histórico-cultural e de gênero. Partindo de diferentes vertentes teóricas e metodológicas, principalmente provenientes das ciências sociais e dos estudos sociais da ciência e da tecnologia, esta linha de pesquisa trabalha ainda com os seguintes temas: práticas e trajetórias sexuais; relações de gênero, conjugalidade e família; dinâmicas, técnicas e saberes relativos à contracepção e à reprodução; esterilização feminina e masculina; aborto e direitos reprodutivos; violência de gênero; DSTs/Aids. O tratamento de tais questões procura atender às especificidades inerentes ao curso da vida, ao gênero e à sexualidade, além de outros marcadores sociais de diferença relevantes para o campo da saúde coletiva.

Sublinha 3. Ciências Sociais e Humanas: questões contemporâneas, corpo e saúde

Enfatiza problemas de natureza interdisciplinar colocados pela contemporaneidade no campo da Saúde Pública, priorizando os seguintes recortes temáticos: gestão em Saúde; avaliação de serviços e formação de recursos humanos em saúde mental; políticas públicas; inclusão/exclusão social e Direitos Humanos; além de questões metodológicas da pesquisa social em Saúde. Tendo como base aportes clássicos e contemporâneos da Antropologia, especialmente no que diz respeito ao corpo, à saúde, às relações entre ciência e poder, esta linha de pesquisa se dedica também às construções sociais em torno do adoecimento, do cuidado e da morte, ressaltando os processos de diferenciação, as multiplicidades socioculturais, a coexistência de saberes, de regimes de poder, de regimes ontológicos e de gramáticas normativas. Esta linha acolhe questões de pesquisa referentes aos itinerários terapêuticos; cosmopolíticas do bem-estar, do cuidado e da morte; saúde dos “povos tradicionais”; lógicas do cuidado, violência e precariedade; processos relacionais, alteridade e criatividade cultural.

Orientadores: Ana Luiza Vilela Borges, Carmen Simone Grillo Diniz, Claudia Roberta de Castro Moreno, Cristiane da Silva Cabral, Diego Madi Dias, Elisabeth Meloni Vieira, Helena Akemi Wada Watanabe, Ivan França Jr., José Miguel Nieto Olivar, José Mendes Aldrighi, Marília Cristina Prado Louvison, Marly Augusto Cardoso, Patricia Helen de Carvalho Rondó, Rubens Camargo Ferreira Adorno, Yeda Aparecida de Oliveira Duarte.