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Medidas de austeridade no Brasil podem aumentar mortes infantis evitáveis, descobriram pesquisadores.

Fonte: Pixabay.

Os resultados vêm de uma nova pesquisa, publicada esta semana na revista PLOS Medicine e liderada por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia, da Fiocruz e do Imperial College de Londres.

Usando modelos matemáticos e estatísticos para simular resultados futuros, os pesquisadores descobriram que as taxas de mortalidade infantil poderiam ser 8,6% mais baixas até 2030 se os níveis de proteção social do Programa Bolsa Família (PBF) e da Estratégia Saúde da Família (ESF) fossem protegidos das medidas de austeridade fiscal atuais.

Até o momento há poucas evidências de como a crise econômica, as medidas de austeridade e a redução da cobertura de tais programas sociais podem afetar a saúde das crianças em países de renda média, como o Brasil.

Neste artigo os pesquisadores desenvolveram e validaram modelos matemáticos para medir os efeitos da crise econômica, pobreza, bem como o impacto dos cortes nesses dois programas sobre saúde infantil em todos os 5.507 municípios brasileiros para o período 2017-2030.

Além disso, suas simulações revelaram que a manutenção dos níveis de proteção social do PBF e da ESF reduziriam as mortes evitáveis ​​na infância em quase 20.000 e as hospitalizações evitáveis ​​na infância até 124.000 entre 2017 e 2030, comparadas à austeridade. Eles também descobriram que os municípios mais pobres do país seriam mais afetados.

O professor Christopher Millett, do Imperial College of London, pesquisador visitante no Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e autor do estudo, disse: “Está claro que esses programas têm um impacto altamente benéfico na saúde das crianças brasileiras.

“Invitamos os formuladores de políticas no Brasil a proteger a saúde e o bem-estar das crianças, revertendo as propostas de medidas de austeridade que afetam esses importantes programas sociais”.

O professor Davide Rasella, da Universidade Federal da Bahia, que liderou o estudo, acrescentou: “Nosso estudo sugere que a redução da cobertura de programas de alívio da pobreza e de cuidados primários podem resultar em um número substancial de mortes infantis evitáveis ​​e hospitalizações no Brasil.

“Essas medidas de austeridade terão um impacto desproporcional sobre a mortalidade infantil nos municípios mais pobres, impedindo avanços importantes feitos no Brasil para reduzir a desigualdade na saúde infantil nos últimos anos.”

O artigo pode ser acessado aqui.

Repercussão:

A pesquisa foi repercutida em matérias publicadas nos seguintes veículos de comunicação:

Mais informações e entrevistas para a imprensa com o Dr. Christopher Millett pelo e-mail: c.millett@imperial.ac.uk

Fonte: Com informações do ‘press release’ sobre nosso novo artigo publicado no PLOS Medicine em 22/05;2018.