Desde sua idealização, em 2009, a classificação Nova de alimentos vem sendo cada vez mais utilizadas por cientistas em todo o mundo. O sistema separa alimentos em quatro categorias: in natura ou minimamente processados, ingredientes culinários, alimentos processados e alimentos ultraprocessados. Essas definições são suficientes para identificar de 70 a 90% dos alimentos indicados em estudos de coorte, nos quais um número grande de indivíduos compartilha, por exemplo, o que comeu nas últimas 24 horas. É simples, por exemplo, classificar uma maçã como in natura, ou uma porção de nuggets como ultraprocessada.

Existem, no entanto, alguns casos em que a categorização não é tão óbvia, especialmente quando os dados coletados em uma pesquisa não incluem informações detalhadas sobre como um alimento foi preparado e qual sua composição. Isso vale, por exemplo, para preparos culinários feitos em restaurantes, ou mesmo receitas feitas “do zero” em casa. Há, ainda, situações em que um alimento pode ser classificado em mais de um grupo da Nova: como a citação de “pão” ou “iogurte” sem especificações, o que pode gerar dúvida se o item é processado ou ultraprocessado.

Com base em experiências de aplicação da Nova em grandes pesquisas e estudos de coorte, o Nupens criou uma abordagem em três passos para que cientistas possam aplicar a classificação de forma mais precisa, eficiente e transparente. O passo a passo foi detalhado e publicado em artigo na revista científica Nature (em inglês). A seguir, conheça as etapas.

1º passo: faça uma lista de alimentos

Todos os itens alimentares de um conjunto de dados dietéticos devem ser compilados em uma lista de alimentos antes de serem atribuídos a um grupo específico da Nova. Itens de alimentos únicos, como alimentos in natura ou minimamente processados (maçã, leite etc) e ingredientes culinários processados (sal, azeite de oliva), podem ser incluídos diretamente na lista. O mesmo vale pare alimentos compostos, que são produtos fabricados industrialmente, podendo ser processados (atum em salmoura enlatado) ou ultraprocessados (refrigerantes, macarrão instantâneo). Todos os outros itens feitos com diversos ingredientes (tortas, bolos, molhos) devem ser primeiramente identificados como preparações culinárias ou como produtos fabricados industrialmente. Itens incertos podem ser atribuídos à alternativa mais provável da classificação Nova e marcados para uma análise de sensibilidade (veja no terceiro passo).

2º passo: atribua os alimentos aos grupos da Nova

Nesta etapa, os itens alimentares são atribuídos aos grupos da Nova. Itens alimentares que correspondem a um único grupo da Nova são atribuídos diretamente. Alguns itens alimentares fabricados podem estar listados em mais de um grupo — nesses casos, sua atribuição depende da lista de ingredientes. Itens de alimentos para os quais não há equivalente na tabela ou itens compostos que pertencem a mais de um grupo da Nova são atribuídos à categoria mais provável com base em informações específicas do estudo ou contexto. Quando houver dúvida, o item também pode ser marcado para a análise de sensibilidade, como ocorre no primeiro passo.

3º passo: atribua alimentos a grupos alternativos para análise de sensibilidade

Por fim, os itens alimentares incertos ou discordantes marcados nos passos anteriores são atribuídos a grupos alternativos para realizar análises de sensibilidade. Isso permite avaliar o impacto das incertezas na distribuição de estimativas dos grupos da Nova e suas associações com os desfechos de saúde. Dessa forma, diferentes cenários são considerados para compreender a influência das incertezas no resultado de estudos.