Ex-ministra do Desenvolvimento Social, a economista também atuará como professora visitante da Faculdade de Saúde Pública da USP

Quando se pensa em alimentação adequada e saudável, é comum lembrar da qualidade dos alimentos que ingerimos. O conceito, no entanto, vai além. O Guia Alimentar para a População Brasileira, em sua edição de 2014, já apontava para a necessidade de basear a alimentação em práticas produtivas adequadas e sustentáveis.

A pandemia de covid-19, que teve impacto negativo sobre questões como a fome, escancarou a importância de se repensar a lógica e os impactos dos sistemas alimentares para além dos processos que fazem o alimento ir “do campo à mesa”. Entram em questão dimensões econômicas, sociais, culturais, políticas e de saúde, entre outras.

O tema é um dos focos do Nupens, que passa a contar com o apoio e expertise da economista Tereza Campello. Ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, ela atuará, pelos próximos 12 meses, como pesquisadora convidada do Núcleo e professora visitante da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Em seu trabalho junto ao Nupens e à universidade, Campello deve contribuir com a reflexão interdisciplinar que vise transformar os sistemas alimentares a partir da perspectiva do consumidor e da saúde, buscando alternativas para a promoção da alimentação saudável e sustentável.

Doutora em Saúde Pública, ela também participará de atividades de ensino e extensão, ministrando aulas magnas e participando de disciplinas de graduação e pós-graduação.

Campello esteve à frente da pasta de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, extinta em 1º de janeiro de 2019. Seu trabalho à frente do ministério se deu entre 2011 e 2016, sob indicação da então presidente Dilma Rousseff, e teve foco na elaboração, implementação e execução da política nacional para erradicação da extrema pobreza, por meio do plano Brasil Sem Miséria.

Em sua gestão, 22 milhões de brasileiros deixaram a extrema pobreza. Campello também coordenou as políticas nacionais de Assistência Social e de Segurança Alimentar e Nutricional, além do Programa Bolsa Família e Cisternas — este voltado à promoção do acesso à água para o consumo humano e para a produção de alimentos por meio da implementação de tecnologias sociais simples e de baixo custo.

Em 2014, recebeu, em nome do governo brasileiro, o reconhecimento da FAO/ONU do atingimento de metas que garantiram ao Brasil a saída do Mapa da Fome.

Em outras colaborações como pesquisadora associada, Campello trabalhou, por dois anos, junto à Fiocruz, e por outros dois anos na Universidade de Nottingham — onde teve agenda diretamente ligada à segurança alimentar, sustentabilidade e pobreza.