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Pesquisador da FSP/USP fala sobre sofrimento psíquico na universidade em evento na FEA-RP

De todos os lados, o sofrimento é tratado como um problema individual: quem sofre se culpa, sente-se sozinho e não acredita que outras pessoas também sofram e possam entender pelo que ele ou ela passa; muitas respostas institucionais, inadvertidamente intensificam o caráter individual do sofrimento ora focando exclusivamente no aspecto clínico, ou no desempenho acadêmico individual. Isoladamente, estas estratégias mostram-se insuficientes, ainda que tenham um potencial imenso como instrumentos para mitigar o sofrimento quando articuladas as dimensões individual, coletiva, institucional e socioestrutural do sofrimento.

Estas e outras questões foram abordadas pelo pesquisador de Pós-doutorado Thiago Marques Leão, do Departamento de Gestão, Política e Saúde FSP/USP, a convite da Comissão de Acolhimento e Orientação (CAO) da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto (FEA-RP). Na CAO com Prosa, realizada no dia 10 de abril, em Ribeirão Preto, Thiago falou sobre sua pesquisa de pós-doutoramento Mudanças Sociais, Individualização e o Sofrimento Psíquico entre Estudantes Universitários, respondeu perguntas dos estudantes e discutiu

as pressões, contradições e impasses da vida universitária, em um momento de crescente cobranças por produção e desempenho. Em um momento de constate transformação, com crescente subjetivação e individualização dos riscos e contradições socialmente produzidas, cada vez mais percebidos como fracasso pessoal e descolados de seu contexto social e institucional, para se transformarem em novas formas de risco pessoal e atribuição de culpa individual.

Com o tema Tudo que você queria saber sobre sofrimento mental na universidade (mas tinha medo de perguntar), a proposta foi estabelecer um espaço de escuta, troca de experiências e informações, onde se pudesse falar sobre o sofrimento o sofrimento psíquico na Universidade sem estigmatiza-lo e, ao mesmo tempo, trata-lo em sua complexidade. Segundo Thiago, o título da CAO com Prosa que ele propôs “foi um trocadilho com o filme de Wood Allen – ‘Tudo que você queria saber sobre sofrimento mental na universidade, (mas tinha medo de perguntar)’ – e o tabu do sexo. Hoje, na Universidade, a dificuldade (por parte de alunos, professores e funcionários) em falar sobre o sofrimento ou adoecimento mental assume ares de tabu e é preciso criar espaços seguros para falar sobre isto”.

 

Imagem: FreePhotos/Pixabay.

 

Com eventos desta natureza, o pesquisador espera contribuir para a desmistificação do sofrimento psíquico entre estudantes e desconstrução da ideia de que esta é uma experiência exclusivamente individual, pela qual o estudante passa sozinho. A ideia é promover o debate sobre o tema, agregar pessoas (pesquisadores e sociedade civil em geral) interessadas no diálogo e nos futuros resultados. Em vista disso, pessoas que tenham interesse em saber mais ou discutir o tema podem procurar o pesquisador, que espera assim contribuir para o engajamento acadêmico e social, e difusão de conhecimento.