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Entre professores que apresentaram esgotamento grave, 60% sofreram agressão na escola no último ano, revela pesquisa da FSP-USP

Foto: Arquivo pessoal.

Realizar um levantamento da exposição de professores ao esgotamento profissional e analisar a sua potencial associação aos elementos do contexto ocupacional, inclusive a violência, é o objetivo da pesquisa “Violência contra professores da rede pública e esgotamento profissional”, de autoria da psicóloga Elaine Cristina Simões, mestre e doutoranda em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. O artigo, publicada na edição de março da revista científica “Ciência & Saúde Coletiva”, teve a orientação da Profa. Maria Regina Alves Cardoso, do Departamento de Epidemiologia da FSP-USP.

O que motivou Elaine a realizar o trabalho foi a observação de que a expansão da Rede Escolar, as mudanças no modelo educacional e os problemas de financiamento mudaram profundamente o trabalho docente no Brasil, intensificando as exigências dirigidas aos profissionais. Segundo a pesquisadora, “problemas de saúde, como o esgotamento profissional, são comuns na categoria”.

Foram convidados para participar todos os professores com indicação de psicoterapia, que procuraram o ambulatório de saúde mental do HSPM da cidade de São Paulo, entre maio de 2013 e maio de 2014. Participaram 93 professores da Rede Pública Municipal de São Paulo, das diversas regiões da cidade. Os dados foram coletados por meio de entrevistas em profundidade, com uso de dois instrumentos específicos (MBI e CESQT) e analisados estatisticamente com o Programa Stata, v.13.0.

Entre os 93 participantes, 90,3% eram mulheres. No momento da avaliação, 64,5% da amostra estava na ativa; 14,0% em readaptação funcional; 18,3% em licença médica e 3,2% em licença por acidente de trabalho. A idade dos participantes variou de 28,6 a 69,1 anos, com média de 46,4 anos e desvio-padrão de 9,1 anos., sendo que 7,5% da amostra tinha mais de 60 anos na época do estudo e apenas 3,2% dos participantes tinham menos de 29 anos de idade.

Os resultados da pesquisa mostram que o esgotamento esteve associado a fatores como ter sofrido agressão na escola, o incômodo nos contatos interpessoais no trabalho e o ruído, entre outras 11 variáveis do contexto escolar.

A partir dos  resultados, Elaine relata que “entre os que apresentaram esgotamento grave, 60% haviam sofrido agressão na escola no último ano”. O artigo considera que “questões coletivas e ocupacionais se associaram ao esgotamento profissional entre os participantes. Entre elas, os conflitos interpessoais e o fenômeno da violência, que surge como elemento novo e frequente, impactam a saúde dos profissionais.”

A pesquisa foi executada com orçamento próprio; não houve financiamento institucional.

 

Leia aqui o artigo na íntegra: https://bit.ly/3roj9iG

Mais informações e entrevistas para a imprensa, com Elaine Cristina, pelo e-mail: inecs@usp.br pelo cel/zap: (11) 98154-3155

MBI e CESQT são instrumentos específicos para a avaliação do esgotamento profissional.

MBI – Maslach Burnout Inventory https://en.wikipedia.org/wiki/Maslach_Burnout_Inventory

CESQT – Cuestionario para la Evaluación del Síndrome de Quemarse por el Trabajo –  https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000100015

Foto da homepage: Imagem de giovannacco por Pixabay