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Crises de água, energia e produção de alimentos estão interligadas, alerta professor da FSP-USP

Prof. Leandro Giatti, do Departamento de Saúde Ambiental da FSP-USP. Foto: reprodução/Valor Econômico.

O biólogo e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Leandro Luiz Giatti, escreveu um artigo para o jornal NEXO alertando para a importância de reconhecer que as crises hídricas que estamos vivendo, as crises na geração de energia e na produção de alimentos são questões interligadas em suas causas e consequências. Ele também chama a atenção para o fato de a sociedade não reconhecer que a forma como levamos nossa vida cotidiana também está associada à escassez desses recursos.

“A produção de alimentos carece fundamentalmente de água e de energia. Portanto, a crise climática global que traz incertezas e maior risco de eventos extremos, como grandes secas, impõe ritmo de restrições que podem acentuar a escassez de alimentos e exacerbar o quadro de insegurança alimentar. Além disso, a oferta de água e seu tratamento e distribuição também são ações fortemente dependentes de energia, enquanto que a produção de energia carece de água, seja por nossa matriz hidrelétrica, seja na indústria do petróleo e dos biocombustíveis”, explica o professor.

Outro ponto levantado no texto é como a escassez de recursos é um problema que ultrapassa escalas regionais. Como exemplo, Giatti aponta que a degradação da Amazônia, apesar da distância, afeta a distribuição hídrica em muitas regiões, incluindo a Macrometrópole Paulista —que compreende São Paulo e 174 municípios do seu entorno. Grandes volumes de água que se deslocam da floresta Amazônica -os chamados rios voadores- são responsáveis pela regulação climática e hídrica de diversas regiões, incluindo a citada pelo professor, que necessita de uma produção alimentar intensiva para suprir a demanda de cerca de 34 milhões de pessoas desse conjunto urbano.

O biólogo ressalta ainda que os impactos sobre a Amazônia e outros biomas brasileiros associam-se efetivamente ao fato de que o Brasil perdeu algo como 15% de sua superfície hídrica desde a década de 1990.

Para finalizar, o professor da FSP-USP sugere algumas soluções para lidar de forma efetiva com a relação água-alimento-energia como, por exemplo, “produzir alimentos próximo às cidades onde são consumidos, utilizar fertilizantes orgânicos, recuperar energia de sistemas de saneamento, incentivar a produção de energia renovável, reduzir perdas de energia e água, além de racionalizar a gestão dos recursos hídricos com olhar na interdependência com outras cadeias”.

Leia a matéria completa que foi publicada no dia 26 de agosto de 2022.