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Doutorando da FSP-USP realiza estudo inédito sobre rede de interação e diversidade bacteriana em mosquitos no Vale do Ribeira

Estudo inédito analisa a rede de interação e a diversidade bacteriana em oito espécies de mosquitos coletados na região do Vale do Ribeira (SP), podendo servir de base para outras pesquisas que estudem as interações entre bactérias em mosquitos vetores de arbovírus (vírus causadores de doenças transmitidos por mosquitos). A pesquisa foi realizada por Herculano da Silva, doutorando do Programa de Pós-graduação em Epidemiologia da FSP-USP, sob a orientação da professora Maria Anice Mureb Sallum e coorientação de Tatiane Oliveira, ambas do Departamento de Epidemiologia da FSP-USP.

“O conhecimento sobre as interações entre bactérias e mosquitos provenientes de áreas de grande biodiversidade é importante, entre outras coisas, para a vigilância entomológica e o controle da transmissão de patógenos. As espécies que nós estudamos têm o potencial de transmitir arbovírus causadores de doenças em humanos. Além disso, o estudo servirá para futuras investigações e pesquisas sobre as interações entre patógeno-bactéria-mosquito”, afirma o autor.

Herculano explica que seu estudo verificou a presença de gêneros bacterianos conhecidos na literatura científica por manipularem a reprodução do hospedeiro invertebrado e por afetarem a infecção por arbovírus em mosquitos, modulando a competência vetorial. Alguns gêneros encontrados, como Asaia e Wolbachia, por exemplo, são candidatos à paratransgênese. Trata-se de um técnica promissora cujo objetivo é inibir o desenvolvimento de parasitas no mosquito vetor, através do uso de bactérias simbiontes geneticamente modificadas.

Sabethes conditus, um dos mosquitos estudados por Herculano Foto: Eduardo Sterlino Bergo.

Anopheles darlingi, espécie responsável pela malária no Brasil. Foto: Eduardo Sterlino Bergo

 

A pesquisa foi realizada com 111 mosquitos de 8 espécies diferentes (Aedes scapularis, Aedes serratus, Haemagogus leucocelaenus, Haemagogus scapricornii, Kerteszia cruzii, Psorophora ferox, Sabethes conditus, e Wyeomyia confusa), coletados na região do Vale do Ribeira, no município de Pariquera-Açu (SP), no período 26 a 29 de outubro de 2021. Essas espécies foram escolhidas especialmente pela sua importância em saúde pública. A Hg. Leucocelaenus, por exemplo, é vetor competente do vírus da Febre Amarela silvestre; e o Ae. scapularis é transmissor do vírus Rocio e do vírus da Encefalite Equina Venezuelana.

Após a identificação morfológica dos mosquitos coletados, os pesquisadores utilizaram técnicas de biologia molecular e sequenciamento de segunda geração, conseguindo assim identificar a interação bacteriana em oito espécies de mosquitos. Dentre os resultados obtidos, destacam-se a presença predominante do gênero Wolbachia, presente nos mosquitos Haemagogus leucocelaenus. A maior abundância do gênero bacteriano Asaia esteve presente na Aedes serratus.

Leia o artigo na íntegra: https://www.mdpi.com/2073-4425/13/11/2052/htm

 

Herculano da Silva, doutorando do Programa de Pós-graduação em Epidemiologia da FSP-USP. Foto: Ascom FSP-USP.

Tatiane Oliveira, do Departamento de Epidemiologia da FSP-USP, é coorientadora do trabalho. Foto: Ascom FSP-USP.

Professora Maria Anice Mureb Sallum, do Departamento de Epidemiologia, é orientadora da pesquisa. Foto: Ascom FSP-USP.