Milena Novais, mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e pesquisadora do projeto Cosmopolíticas do Cuidado no Fim do Mundo, publicou parte da pesquisa de mestrado como capítulo do livro “Saberes, políticas e fluxos prisionais”.
A pesquisadora aborda no capítulo intitulado “Quem pode ser mãe? Cuidado, saúde e a luta pelo direito de maternar em meio às violações do sistema prisional em Manaus/AM”, a vivência de mulheres que tiveram o exercício de suas maternidades impactadas pelo cárcere.
A pesquisa possui cunho etnográfico e, para a sua realização, Novais conversou com mulheres afetadas. As entrevistas foram realizadas com mulheres que cumpriam pena em regime aberto ou semiaberto, esposas que também são mães e visitaram ou visitam unidades do sistema penitenciário, além de mães de pessoas em situação de cárcere.
O trabalho de Novais abordou complexidades interseccionais nas dimensões de cuidado, saúde e a luta pelo direito de ser mãe quando ele é atingido pelo contexto prisional, com foco para a capital do Amazonas. Nesse sentido, a autora defende que há maternidades mais vulneráveis que outras, como, por exemplo, os processos de esterilização em mulheres negras, que funcionavam como uma política estatal de controle de populações afrodescendentes no Brasil.
Ela destaca ainda como as famílias de pessoas em situação de cárcere são expostas e constrangidas. Um exemplo disso é a obrigatoriedade de passar por body scanners e aparelhos de raio-X durante visitas aos sistemas prisionais. Além de vexatória, a prática pode expor as gestantes à radiação e aos riscos decorrentes.
Durante a pesquisa, a autora acompanhou o coletivo Entre Elas: Defensoras dos Direitos Humanos, grupo que se articula contra a violência estatal. Novais aponta que, em geral, grupos nessa área são impulsionados por mães e esposas, em que se destaca a atuação de mulheres negras.
Acesse o capítulo na íntegra: “Saberes, políticas e fluxos prisionais”
Divulgação: Camila Montagner
