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MINA Brasil: estudo na Amazônia mostra que crianças amamentadas por um ano ou mais têm 80% menos chance de infecção por malária 

O Estudo MINA – Materno-Infantil no Acre: coorte de nascimentos da Amazônia Ocidental Brasileira acaba de produzir novos resultados e tem dois artigos recém-publicados. Ambas as pesquisas foram realizadas com crianças nascidas na cidade de Cruzeiro do Sul, Acre.

O artigo Prolonged Breastfeeding and the Risk of Plasmodium vivax Infection and Clinical Malaria in Early Childhood: A Birth Cohort Study,  recém-publicado na revista científica The Pediatric Infectious Disease Journaltem Anaclara Pincelli como autora principal. Ela é aluna de doutorado pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP. O trabalho conta com a participação da professora Marly Augusto Cardoso, professora da FSP-USP responsável pela coordenação da coorte de nascimentos MINA Brasil, além de diversos pesquisadores ligados ao estudo.

A pesquisa conduzida por Pincelli e colaboradores observou uma associação entre o tempo de amamentação e o risco de infecção pelo Plasmodium vivax, parasita causador da malária que é transmitido por mosquitos. Durante a pesquisa, foram coletadas amostras sorológicas de 435 crianças amamentadas por um ano ou mais. Os cientistas observaram que essas crianças tiveram uma chance 79,8% menor de serem infectadas pelo parasita. Foram feitos testes sorológicos para três diferentes antígenos do agente, a fim de identificar a exposição das crianças ao Plasmodium vivax.

O trabalho foi premiado no 8th International Conference on Plasmodium vivax Research (ICPvR).

Confira a matéria publicada na Agência FAPESP.

 

Amamentação, consumo de açúcar e cárie dentária na infância

Prolonged breastfeeding, sugar consumption and dental caries at 2 years of age: A birth cohort study é o título de artigo recém-publicado na revista Community Dentistry and Oral Epidemiology, estudo também realizado no âmbito do MINA-Brasil, desta vez avaliando a associação entre o tempo de amamentação, o consumo de açúcar e a cárie dentária aos 2 anos de idade.

Estudos de coorte anteriores encontraram associação positiva entre amamentação prolongada (igual ou maior que 12 meses) e cárie dentária. O estudo recém-publicado e que tem como um dos co-autores o professor José Leopoldo Ferreira Antunes, da FSP-USP, analisou o consumo mediado de açúcar nessa associação, considerando crianças de 21 a 27 meses de idade. Os resultados mostram que crianças amamentadas por 2 anos ou mais apresentaram maior risco de cárie do que as que foram amamentadas por um ano ou menos. A taxa de prevalência de cárie entre as crianças amamentadas por dois anos ou mais foi de 22,8%.

Neste estudo, o efeito da amamentação prolongada no aumento do risco de cárie dentária foi mediada pelo consumo de açúcar. Os pesquisadores apontam que práticas alimentares precoces para a prevenção da cárie e promoção da amamentação, evitando o consumo de açúcar, devem ser direcionadas nos primeiros dois anos de vida.

 

Foto no destaque: Cecília Bastos/USP Imagens