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Pesquisadora do estudo MINA-Brasil é premiada pela Associação Brasileira das Origens Desenvolvimentistas da Saúde e Doença

Isabel Giacomini, aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Nutrição em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública (FSP-USP), foi contemplada com o primeiro lugar do Prêmio Prof. Dr. Marco Antônio Barbieri pelo seu trabalho intitulado “Head circumference growth and child behavior in the MINA-Brazil cohort” (tradução: Crescimento do perímetro cefálico e comportamento infantil na coorte MINA-Brasil).

O resumo foi apresentado no II Congresso da Associação Brasileira sobre as Origens Desenvolvimentistas da Saúde e Doença (DOHad Brasil) durante a XXXVII Reunião Anual da FeSBE (Federação das Sociedades de Biologia Experimental) no Rio de Janeiro, entre os dias 28 e 30 de agosto de 2023.

O trabalho analisou dados prospectivos de perímetro cefálico durante a infância e sua relação com comportamento infantil aos 5 anos de idade entre os participantes da coorte de nascimentos do Estudo MINA-Brasil – Saúde e Nutrição MaternoInfantil na cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre.

Para realizar essa investigação, os pesquisadores utilizaram, ao longo do tempo, medidas repetidas da circunferência da cabeça para estimar o crescimento cefálico em escore z. O escore z representa o número de desvios-padrão a partir do ponto central da população referência. Além disso, vale ressaltar que todas as medidas foram realizadas com procedimentos padronizados e valendo-se das curvas em escore z de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Já para avaliar o comportamento infantil, foi aplicado um instrumento de rastreio de problemas de comportamento internalizantes (problemas emocionais e de relacionamento com os colegas) e externalizantes (problemas de conduta, de hiperatividade e de desatenção) aos 695 participantes que compareceram na avaliação de seguimento de 5 anos do estudo MINA.

Como resultado, foi identificado que as meninas com medidas de perímetro cefálico para idade em escore z mais estáveis, ou seja, com menores medianas de alteração da circunferência da cabeça, apresentaram menores médias de problemas de comportamento internalizantes aos cinco anos, quando comparadas àquelas com maiores diminuições do perímetro cefálico em escore z ao longo da infância.

Os pesquisadores também observaram que essa associação ficava ainda mais evidente quando se considerava somente o crescimento cefálico apenas durante os dois primeiros anos de vida, período importante para a formação da arquitetura cerebral.

No entanto, não foi encontrada associação entre os meninos ou quando se considerava os problemas externalizantes de comportamento como desfecho, possivelmente devido às suas diferenças de mecanismos biopsicossociais subjacentes. Em suma, os resultados do estudo reforçam a importância do monitoramento do crescimento infantil e o cuidado integral à saúde mental durante a primeira infância.

O trabalho foi desenvolvido sob orientação das professoras Marly A. Cardoso (orientadora pela FSP -USP) e Alícia Matijasevich (co-orientadora pela Faculdade de Medicina da USP), em co-autoria com o professor Eduardo Villamor (Universidade de Michigan, Estados Unidos).

Isabel Giacomini aferindo o perímetro cefálico de um dos participantes do estudo no seguimento de cinco anos da coorte MINA-Brasil. Foto: Bárbara Prado – Acervo Estudo MINA-Brasil.