Governo dos EUA ordena retirada de gordura trans de produtos alimentícios

No último dia 16/06, a FDA (Food and Drugs Administration), agência que regulamenta os alimentos e remédios nos EUA, estabeleceu um prazo de três anos para que todos os fabricantes de alimentos deixem de usar a gordura trans na formulação de seus produtos.

Também conhecida como gordura vegetal hidrogenada, a gordura trans é formada durante um processo conhecido como hidrogenação, que transforma o óleo vegetal (líquido) em uma gordura sólida. Com isso, os alimentos se tornam mais palatáveis e tem seu prazo de validade aumentado. As principais fontes são os sorvetes de massa, biscoitos e bolos recheados, frituras etc.Trans

No entanto, o consumo de gordura trans oferece diversos riscos à saúde, como obesidade, diabetes e hipertensão. Além disso, este tipo de gordura pode aumentar o LDL colesterol (popularmente conhecido como “colesterol ruim”) e diminuir o HDL colesterol (popularmente conhecido como “colesterol bom”, que possui efeito protetor ao coração).

Há nove anos a prefeitura de Nova York já havia proibido o uso de gordura trans nos restaurantes da cidade, gerando queda no consumo desta substância nos EUA. Com esta nova medida, espera-se que a população consuma cada vez menos alimentos ricos em gordura trans, o que diminuiria a incidência de doenças cardiovasculares, principal causa de morte no país.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) obriga que todos os fabricantes de alimentos industrializados indiquem no rótulo do produto a quantidade de gordura trans presente. No entanto, esta mesma lei, criada em 2006, também permite que o produto seja identificado como “Zero Gordura Trans” quando a quantidade presente é inferior a 0,2 gramas de gordura trans por porção, o que dificulta o controle da quantidade ingerida pelo consumidor. Mas por que isto acontece? Porque a indústria adapta as porções recomendadas dos alimentos de acordo com a quantidade de gordura trans presente, como por exemplo, em um pacote de biscoito recheado a porção indicada pode ser de um biscoito e meio, para que não exceda a quantidade de 0,2 gramas de gordura trans por porção. Agora imagine só se você consumir, por exemplo, seis biscoitos? Serão 0,8g de gordura trans! E você achando que não estava consumindo nenhum grama…

Além disso, em 2007 o Ministério da Saúde assinou um acordo com o setor produtivo que visou diminuir a quantidade de açúcar, gordura e sódio dos alimentos. Também foi firmado um acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para limitar a quantidade de gordura trans em 5% do total em alimentos processados e em 2% do total em óleos e margarinas. Em 2010, constatou-se que 94,6% da indústria alimentícia havia conseguido reduzir os teores de gorduras trans nos alimentos de acordo com esta recomendação.

Infelizmente, aqui no Brasil, uma proibição da gordura trans como acaba de ocorrer nos EUA pode estar longe de acontecer, já que existem “brechas” na própria legislação. Mas será que um dia esta medida pode pegar? O que seria necessário para uma redução ainda maior, ou até uma proibição, da gordura trans em alimentos no nosso país?