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Estudante da FSP-USP ganha prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher

Beatriz Oliveira Santos, egressa do curso de Nutrição e atual estudante de pós-graduação em Saúde Pública da FSP-USP, é vencedora do prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher na área de Biológicas e Saúde, pelo trabalho “Projeto de Pesquisa: Disputas e Arranjos em Torno da Alimentação no Contexto Prisional”. A cerimônia de premiação acontece no dia 11 de fevereiro, em celebração ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), criadora do prêmio, recebeu 765 candidatas nesta 6ª edição, sendo 166 inscrições de alunas do Ensino Médio e 599 de estudantes de Graduação.

“Apesar de todos os desafios enquanto mulher negra, esse reconhecimento vem como um afago, uma prova de que é possível. Difícil, mas possível. Acho que o prêmio vem na minha vida reafirmar isso”, afirma Beatriz. 

A estudante relembra palavras da filósofa, escritora e ativista anti racismo Sueli Carneiro, quando a estudiosa visitou a FSP-USP. “Ela foi bem clara nos convidando a levar a academia a sério e nos apropriar da linguagem acadêmica”, conta.

Foram selecionadas seis pesquisas de Iniciação Científica que, segundo a Comissão Julgadora, demonstraram criatividade, boa aplicação do método científico e potencial de contribuição com a ciência no futuro, de acordo com informações do site da SBPC.

 

Pesquisa realizada durante a pandemia

A pesquisa teve início em 2022, com base em discussões mediadas e orientadas pelo orientador, Professor José Miguel Nieto Oliva, do Departamento de Saúde e Sociedade da FSP-USP, em colaboração com Priscila Serra, do Coletivo Coletivo de Familiares e Amigos de Presos e Presas do Amazonas (FAPAM), e o professor Fábio Candotti, do grupo de pesquisa Ilhargas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). 

Nas reuniões iniciais, a estudante conta que foram compartilhadas informações sobre a proibição de entrada de alimentos externos no Complexo Penitenciário de Manaus e os desafios enfrentados durante a pandemia de COVID-19.

O projeto a levou, entre janeiro e fevereiro de 2023, a visitar Manaus (AM), durante o trabalho de campo, em que acompanhava a rotina de atividades do Coletivo FAPAM. Entre oficinas e discussões em grupo, criava-se a base para a Iniciação Científica e o Trabalho de Conclusão de Curso “Disputar o ‘futuro’: alimentação, cuidado e saúde pública no contexto prisional”

Anteriormente, a aluna havia realizado sua primeira Iniciação Científica sobre amamentação, que deu base para o trabalho premiado. Esse trabalho culminou em artigo científico publicado na Revista Saúde e Sociedade, conta. “Nessa fase, identifiquei a necessidade de ampliar os estudos sobre alimentação no cárcere, subsidiando políticas públicas mais eficazes e fomentando questionamentos sobre o sistema penal”, afirma.

De acordo com Beatriz, “a pesquisa procurou compreender as relações entre alimentação, punição e saúde no contexto prisional, considerando a gestão da alimentação, seus efeitos e as formas de resistência das redes familiares. O estudo utilizou como marcador temporal os dois massacres ocorridos nas prisões de Manaus, em 2017 e 2019, analisando as alterações provocadas na regulação da dinâmica alimentar das unidades prisionais”, explica.

Segundo a estudante, a alimentação é uma “angústia” e fonte de “sofrimento para as redes familiares”. Para ela, o trabalho é uma amostra da negligência do Estado brasileiro em relação à saúde e aos direitos da população carcerária.

 

Conheça as vencedoras e mais detalhes do prêmio aqui.

 

Foto na home: Reprodução/Arquivo Pessoal