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A FSP-USP como polo de pesquisa, inovação e assistência à saúde pública

Ao longo de seus 107 anos, a Faculdade de Saúde Pública da USP tem sido polo de pesquisa, inovação, pioneirismo e assistência, com uma reconhecida história na saúde pública no Brasil e no exterior.

Na sua fundação, a FSP-USP inovou ao ser a primeira instituição do país a formar educadores sanitários, em 1925, e nutricionistas, em 1939. Além de oferecer outras formações como Emergência em Enfermagem e Administração Hospitalar.

Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista e docente da FSP-USP desde 1988, é exemplo do impacto da Faculdade nas diversas áreas da saúde. Ele é fundador e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e uma das vozes ativas na idealização do Sistema único de Saúde (SUS).

“A FSP-USP teve participação muito importante na concepção da ideia de “SUS” e posteriormente na sua efetivação”, afirma. “Quando fundei a Anvisa, foi com apoio da Faculdade de Saúde Pública, que até chegou a ter um núcleo de vigilância sanitária e desenvolveu uma área específica do Direito Sanitário”.

O SUS foi criado na 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), em 1986. Ela foi a primeira Conferência Nacional da Saúde aberta à sociedade, que contou com membros do governo, pesquisadores e profissionais de saúde, entre eles diversos docentes da FSP-USP, incluindo o próprio Prof. Vecina.

Para ele, a Faculdade nunca perdeu sua importância na divulgação de ciência e na assistência em saúde. Durante a pandemia da Covid-19, por exemplo, seu corpo acadêmico teve papel fundamental na divulgação de vacinas e no alerta da realidade da pandemia. No momento, no entanto, a FSP-USP desempenha um papel a mais. “Acredito que onde estamos melhor posicionados na produção de conhecimento e atuação em saúde pública é na área da Nutrição”.

O departamento de Nutrição da FSP-USP possui diversos núcleos de pesquisa e extensão. Alguns exemplos são a Nutri Júnior, empresa júnior de nutrição, o Nutrinet Brasil, estudo que avalia características alimentares da população, e o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) e o Sustentarea, por exemplo.

A consultoria britânica Clarivate Analytics divulgou em 19 de novembro de 2024 uma lista com os pesquisadores mais influentes do mundo. Nela constam 14 brasileiros, sendo cinco deles ligados à instituição: além dos professores Carlos Augusto Monteiro e Maria Laura Louzada, do Departamento de Nutrição, a lista inclui Eurídice Martínez Steele, Geoffrey Cannon e Jean-Claude Moubarac, pesquisadores do Nupens. 

Os destaques em pesquisa internacional não se limitam apenas à área da Nutrição. Em  16 de setembro de 2024, a Universidade de Stanford listou em seu famoso ranking nove docentes da FSP-USP entre os 2% dos cientistas mais influentes do mundo. Em sua 7ª atualização, o banco de dados trouxe 249 pesquisadores da USP como um todo. 

Além de nutricionistas como o professor José Alfredo Arêas, citado pelos trabalhos na área de ciência dos alimentos, o Ranking de Stanford inclui a professora Eunice Aparecida Bianchi Galati, pelos estudos em Medicina Tropical ligados à entomologia, e também Oswaldo Paulo Forattini (1924 – 2007), pelo seu legado na área da epidemiologia e entomologia médica brasileira. A própria Coleção Entomológica de Referência da FSP-USP, por exemplo, criada em 1937, possui rica produção científica destacada mundialmente.

Em 12 de fevereiro de 2024, Carlos Monteiro foi destacado pelo The Washington Post como uma das 50 personalidades do mundo que irão influenciar a sociedade no ano de 2025. Monteiro foi destacado principalmente pelo seu trabalho na classificação Nova, que criou o conceito de “alimentos ultraprocessados”. A Nova classifica os alimentos segundo seu grau de processamento: In Natura, ingredientes culinários processados, alimentos processados e alimentos ultraprocessados. A categorização se deu pela percepção do professor de que o grau de processamento e a presença de corantes artificiais, aromatizantes e emulsificantes também afetam a saúde.

Graças à classificação Nova, o Brasil – por meio do Ministério da Saúde, com a consultoria dos pesquisadores da FSP-USP, formulou o Guia Alimentar para a População Brasileira, de 2014. O Guia influenciou a criação de documentos semelhantes em países como Canadá, Uruguai, Equador e Peru.

Graças às suas contribuições para as áreas da saúde, a FSP-USP recebeu em 2008, na ocasião de seus 90 anos, uma bandeira da Organização Mundial da Saúde (OMS). A honraria se deu principalmente pelo trabalho do Centro Brasileiro de Classificação de Doenças (CBCD) da FSP-USP, centro colaborador da OMS para a Família de Classificação Internacional de Doenças (CID) em Português. 

Para além da saúde, a Faculdade de Saúde Pública tem desempenhado papel estratégico nas políticas e nos governos. Segundo Gonzalo Vecina, após o fim da Ditadura Militar, em 1985, o Brasil precisava ser reconstruído em diversas áreas. “A Universidade de São Paulo como um todo atuou na reconstrução política do Brasil, em educação, ciência e saúde, momento em que a FSP-USP atuou ativamente em conjunto com outras entidades nessa frente”. A instituição mantém seu protagonismo nesta área até hoje, com suas pesquisas influenciando políticas públicas e ações de Governo na área da saúde pública.

 

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Imagem da home:  © Marcelo Vigneron