As professoras Aline Martins de Carvalho e Dirce Maria Lobo Marchioni, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP, assinam com outros autores artigo recém publicado na revista internacional Environment, Development and Sustainability sobre o consumo de carne dos brasileiros e sua relação com a pegada de carbono. O trabalho -intitulado “Food sustainability in a context of inequalities: meat consumption changes in Brazil (2008–2017)” (em tradução livre: sustentabilidade alimentar num contexto de desigualdades: as mudanças do consumo de carne no Brasil (2008-2017)-  tem como autora principal Mariana Hase Ueta, da Technische Universität Dresden, e mostra que o consumo de carne corresponde a 86% da pegada de carbono de toda a dieta dos brasileiros.

Além disso, a pesquisa mostra que de 2008 a 2017, a dieta teve no geral um aumento de 12% do item carnes, porém com variações de acordo com os tipos de carne e níveis de renda. Indivíduos do estrato de renda mais baixa não aumentaram o consumo de carne bovina -e portanto, não aumentaram sua pegada de carbono relativamente a este item. As famílias de baixa renda gastaram cerca de 17 vezes mais de sua renda para comprar um quilo de carne bovina em comparação com pessoas do grupo de renda mais alta, segundo o artigo.

Os pesquisadores utilizaram dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A análise mostra como o consumo de carne e, consequentemente, o impacto para o meio ambiente e a saúde das pessoas, também está relacionado ao preço, ao acesso e ao aspecto social dos alimentos.

Em entrevista para a Revista Galileu, a profa Aline Carvalho ressaltou que o artigo inova ao relacionar consumo e preços dos alimentos. Ela também enfatiza a importância de direcionar políticas públicas abordando as consequências do consumo de carne junto à população. “É necessária também uma abordagem inter e transdisciplinar para investigar as variações do consumo de carne no Brasil, com foco nos valores e na intencionalidade dos sujeitos”, comenta.

Leia o artigo na íntegra que foi publicado no dia 31 de janeiro de 2023.