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MATOPIBA

“A última fronteira agrícola”

Com cerca de 73 milhões de hectares distribuídos em 337 municípios, o MATOPIBA é uma região formada pelo Cerrado de 4 estados brasileiros:

MARANHÃO  TOCANTINS  PIAUÍ  BAHIA

Na região, coexistem unidades de conservação, terras indígenas, assentamentos de reforma agrária e áreas quilombolas.

Com incentivos desde a década de 1970 para “desbravar” o interior do Brasil, novas áreas para agricultura foram sendo exploradas. No início dos anos 2000, o MATOPIBA surgiu como “a última fronteira agrícola”

O Estado, em parceria com outros países e o setor privado, passou a distribuir financiamentos, assistência técnica e projetos de irrigação e eletrificação, atraindo ruralistas com intuito de criar núcleos de agricultura na região.

Em maio de 2015, sob o decreto nº 8.447, foi criado o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba, com o objetivo de promover e coordenar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico baseado em atividades agrícolas e pecuárias

Hoje, a região é basicamente predominada pela monocultura, na qual o município de Correntina, na Bahia, sintetiza muitas das contradições desse modelo de desenvolvimento.

O índice de concentração de terras de Correntina é de 0,927. Quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade! No Censo de 2010, o IDH de Correntina era de 0,603, bem abaixo da média nacional (0,813)

Esses dados reforçam a lógica de desenvolvimento baseado na exploração intensa de recursos naturais, favorecendo a concentração de terras e riquezas nas mãos de poucas famílias

Enquanto, os indicadores econômicos e sociais pioram para a população, a qual, ano após ano, vem perdendo suas raízes, tradições e subsistência

Dentro dessa lógica, a grilagem de terras e a desigualdade de terras imperam!

É realizada a concessão de terras improdutivas por um preço muito inferior para ruralistas que querem o avanço do agronegócio, enquanto as famílias que vivem ali há anos são expulsas das terras para a formação de latifúndios.

Uma das maiores violências desse conflito é a perda de soberania alimentar, a qual torna a população local cada vez mais vulnerável, ameaçando suas tradições, cultura e sustento

A falta de soberania alimentar na região também afeta as demais localidades do país, que perde em diversidade alimentar, qualidade da água, do solo e do ar, e sua identidade e cultura.

O avanço do agronegócio no MATOPIBA também afeta a preservação do Cerrado, que perde anualmente cerca de 2,2 milhões de hectares

Como este bioma já chegou em seu auge evolutivo, se degradado, dificilmente conseguirá se recuperar em sua totalidade, de forma que há a possibilidade da extinção do bioma em 2030, caso o ritmo do desmatamento continue.

A devastação do bioma também deixa rastros na qualidade e quantidade de água – solos antigos, como do Cerrado, funcionam como uma esponja que absorve e distribui a água

Com a agricultura mecanizada, o solo torna-se mais descampado e compactado, dificultando a penetração de água para o subterrâneo. Com isso, rios, riachos e brejos desaparecem, afetando diretamente o volume dos aquíferos.

O agronegócio está avançando sobre os territórios dos povos tradicionais que vivem na região do MATOPIBA, ameaçando a existência dessas comunidades e a preservação do Cerrado

É preciso estar ciente da ocorrência destes movimentos e pressionar para que sejam adotadas medidas adequadas para minimizar o impacto ambiental e promover práticas agrícolas sustentáveis na região

Referências:
Mathias M [internet]. Matopiba: na fronteira entre a vida e o capital. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio – Fiocruz; c2017 [atualizado em 01 jul 2022; acesso em 06 jul 2023]. Disponível em: https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/matopiba-na-fronteira-entre-a-vida-e-o-capital
EMBRAPA [internet].

O que é Matopiba? Brasília: EMBRAPA; c2023 [acesso em 06 jul 2023]. Disponível em: https://www.embrapa.br/tema-matopiba/perguntas-e-respostas

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Post por Amanda Piacentini (@amandapiacentinii) e Letícia Maximiano (@leticia.maximiano).

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