Sistemas alimentares 0604

Como tornar os sistemas alimentares e a alimentação mais sustentáveis?

Várias características fazem com que o sistema alimentar predominante seja insustentável, como a concentração de terras, a produção de monoculturas, o uso excessivo de água e solo, a utilização de agrotóxicos e transgênicos, o desperdício e as longas distâncias entre quem produz e quem consome, causando um impacto ambiental elevado.

É possível tornar os sistemas alimentares mais sustentáveis antes mesmo da produção de alimentos! Um exemplo é a distribuição mais justa de terras, que é bastante desigual no Brasil. O incentivo à agricultura familiar é igualmente importante, já que esta possui pontos positivos como a utilização mais sustentável do solo e a produção de uma maior diversidade de alimentos

Uma agricultura de base agroecológica, ou seja, que possui princípios como a preservação da terra, a manutenção da biodiversidade, e a ausência do uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos, é fundamental para a promoção de um sistema alimentar mais sustentável. Para tanto, devem ser facilitados aos produtores agroecológicos o acesso a serviços financeiros e à assistência técnica adequada

A sustentabilidade não para na produção: na indústria, podemos citar como práticas mais saudáveis e sustentáveis a manutenção de nutrientes e um processamento mínimo que garanta que os alimentos cheguem em condições adequadas aos consumidores. Por outro lado, o ultraprocessamento deve ser evitado, considerando seu impacto no meio ambiente e na saúde humana

Tornar as cadeias de consumo mais curtas também é outra prática sustentável, tanto do ponto de vista ambiental quanto socioeconômico. Isso porque é possível reduzir a distância entre os pequenos produtores e o consumidor, tornando o impacto ambiental do transporte menor e estimulando a economia local e o comércio justo

Mudar aquilo que comemos é igualmente indispensável.

Um ponto de destaque é a redução da ingestão de carne vermelha e processada. A carne é, de longe, uma das campeãs na emissão de gases de efeito estufa, causada tanto pelo desmatamento quanto pelo próprio gado – são emitidos quase 45 kg de equivalentes de CO2 para a produção de apenas 1 kg de carne

Por outro lado, um maior consumo de frutas, legumes, verduras, grãos integrais e feijões deve ser estimulado. Além de esses alimentos fazerem parte de uma alimentação saudável, o impacto ambiental de sua produção é até 5 vezes menor em relação à carne. Apesar disso, nem 25% dos brasileiros atingem a recomendação de 5 porções de frutas e vegetais ao dia

A redução do desperdício também é fundamental, já que cerca de 30% dos alimentos produzidos são perdidos ou desperdiçados. Para se ter uma ideia, esse montante poderia alimentar aproximadamente 2 bilhões de pessoas em todo o mundo. Também é importante considerarmos que, quando um alimento é desperdiçado, todos os recursos naturais utilizados em sua produção também o são.

Essas são algumas das ações que devem ser promovidas para que possamos ter sistemas alimentares mais justos, saudáveis e sustentáveis. Longe de esgotarmos o tema, entendemos que isso só é possível com a articulação entre a sociedade, governo, indústria e organizações sociais.

Apesar de complexas, essas mudanças são indispensáveis e não podem ser adiadas!



Post por Alisson Machado (@alissondmach).

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